Há algumas semanas ouvi um relato de uma grande amiga que me fez pensar que "alguma coisa está mesmo fora da ordem natural". Enquanto o coro da grande maioria constata com ares de espanto que estamos a dois passos das festas de final de ano e essa proximidade começa a deixar as pessoas incomodadas, sua mãe, uma das mulheres mais fortes às intempéries da vida que conheço, me autoriza a pegar a contramão nesse senso comum.
Hospitalizada, a mãe, vó e bisavó dedicada, assim que encontrou com o médico, pediu com um entusiasmo incomum em uma pessoa doente que queria muito viver o próximo Natal. Ele a tranquilizou, garantindo que estaria em forma para receber Papai Noel, e ela, nos dias em que se recuperava, distante de casa fazia planos natalinos e pedia aos filhos para cuidarem de suas plantas que florescerão no final do ano.
Agradeci a sua filha por me emprestar o exemplo tão positivo de sua mãe e me disse, finalmente, como boa natalina que também sou: estás liberada para curtir os preparativos que tanto gostas.
Concordo, e também me revolta que os interesses puramente comerciais tragam precocemente essa data tão bonita às ruas e à mídia, tirando muito da graça, mas me impressiona ainda mais a inversão dos sentimentos que isso tudo provoca. "Alguma coisa está fora da ordem" quando a expectativa de uma época de celebração da alegria mobilize aflição em nós. Talvez o antídoto para esse desvio seja blindar a alma com muita autenticidade para se proteger dessa cobrança formatada em promessas consumistas de uma pseudo felicidade.
Então, este sábado chuvoso não poderia ser mais perfeito para passar horas a fio bisbilhotando as riquezas do Pinterest, como antigamente fazia com uma pilha de revistas, e são tantas, mas tantas ideias para por em prática, que acho que logo, logo vou precisar pedir uma mãozinha aos duendes ajudantes do Noel para dar conta (rs). Enquanto isso, meu companheiro que chegou aqui num Natal especial ouve as exclamações a cada nova imagem - que lindo!!! - bem juntinho, lesionado de uma briga e entediado com a chuva que impede as investidas na rua.
E em homenagem a ele, escolhi o primeiro projeto natalino. "Gateiras", não é mesmo um amor reunir miau e Noel?
(perdoem: esqueci de salvar o nome completo da fonte)
Que não nos falte empenho para buscar o melhor de nós para viver os próximos meses com leveza e encantamento, como merecemos, e para cuidar do nosso ninho com disposição legítima. Amém.