A figueira menina-moça, esguia e fértil, que
não floresce aos nossos olhos e prefere enfeitar-se de frutos, providencia o doce típico dos meus Natais no jardim-quintal. Acelera o passo nas últimas semanas e as frutinhas engordam dia-a-dia. Adivinho o aroma dos figos na calda, perfumados de cravos-da-índia, borbulhando na panela grande e "incensando" a casa... E o Natal começa a acender seu encanto em um canto preservado em mim com todo cuidado, embalado em papel de seda e fita mimosa. A árvore promove o milagre, acorda essa alegria como nenhuma campanha publicitária ou megadecoração dos shopping centers é capaz. E assim como o pinheirinho aí ao lado, entro em contagem regressiva, prometendo-me distância do que me afasta do sentido dessa espera, trabalhando feito formiga contente, às vezes formiga cansada, outras vezes cigarra, para não perder a trilha sonora que embala essa sempre esperada gestação. Amém!
Recadinho encontrado em um pinheiro do Natal Luz, em Gramado, no ano passado.