segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pausa pra flautear

Não gosto e nem tampouco entendo de futebol. Não posso nem me dizer colorada de alma, no máximo, colorada por genética. Mas como ando precisando de recreios divertidos, fica o registro da tarde gaúcha de ontem pela "lente" talentosa e afiada de um dos meus amigos mais antigos. Vive guardado no meu coração, embrulhado em papel de seda com laço "vermelho", como merecem aqueles que nos cativaram e seguem nos fazendo companhia sempre que abrimos a gavetinha das melhores lembranças (e quando driblamos sua agenda para um cafezinho). Tacho dispensa apresentações, mas se quiser esticar a pausa e começar a semana com mais humor, deixo o endereço do seu planeta aqui.

Que os gremistas perdoem a "flauta". Amém!

domingo, 15 de maio de 2011

Sopa de mãe

Como já contei (me desculpem a repetição, mas os dias aqui têm esse foco), nesse período de convalescência de um AVC de minha mãe, ando incorporada da mãe inexperiente que fui aos 20 e poucos anos, revivendo a rotina de cuidados e preocupações, às vezes com o coração na mão, em outras, com ele aos pulinhos de contentamento por alguma novidadezinha positiva, como a sua escolha pelo vermelho Gabriela para pintar as unhas na semana passada. Sinais sutis de recuperação de sua essência vibrante, super valorizados quando sabemos que ela é responsável por muito da melhora. Ao vê-la com as mãos impecáveis e coloridas, lembrei de um amigo querido que costumava receitar às amigas em dias de astral desbotado: "Passa batom vermelho nessa alma, menina!". Ainda que pouco siga o exemplo de capricho e vaidade de minha mãe, e não passe além de uma base nas unhas e um batom cor de boca, reconheço a força desses recursos femininos, e me esmero em elogios a cada demonstração sua de motivação por utilizá-los.


Mas como nem só de bom astral se faz uma recuperação, ando às voltas com sua alimentação feito "passarinha" buscando o que de melhor a natureza oferece para desperta-lhe o apetite. Inicialmente, ela comendo também em porções de passarinho, "ciscávamos" aflitos ao seu redor , buscando alternativas que pudessem lhe apetecer. Terminado o dia, fazia um balanço de sua ingesta, como as mães de filhos "enjoados" pra comer costumam encerrar a jornada, e para tentar me acalmar, muitas vezes lembrei da Fernanda Reali, que certa vez comentou que suas refeições são feitas em tigelinhas, quantidade suficiente e bem-balanceada para seu gasto energético. Contei a ela dias desses sobre sua presença à distância, e mais uma vez sua generosidade me enterneceu. Minutos depois, a resposta do e-mail veio recheada de dicas para enriquecer a alimentação da dona Lili, todas testadas e aprovadas com seus filhos. Deixei para agradecer publicamente aqui: Fernanda, querida, teu gesto só reforça a certeza de que sempre temos algo a dar, e que essas doações são pontinhos de luz poderosos. Somados, são eles que nos sustentam e amparam. Obrigada!


Boa de garfo a vida toda, e tendo que manerar nos últimos anos devido à diabetes, montar o cardápio da nossa convalescente que precisa ganhar um quilinhos é um exercício de criatividade. Mas o que não se consegue quando se busca informação daqui e dali e se arregaça as mangas e veste o avental com obstinação, não é mesmo? O que tem nos salvo é que a boa de garfo também é muito boa de colher (rs). Ama sopas! Por consequência, estou me tornando uma expert em caldos, cremes, sopinhas e sopões (porque de vez em quando vale um pecadinho de carboidratos, esses danados que se transformam em açúcar), como já fui na época em que aquele menininho chato pra comer, hoje chef de cozinha, me desafiava balançando a cabeça em negativa, cerrando a boca. Então, parte das minhas manhãs ganhou a rotina de inventar uma surpresinha culinária para oferecer-lhe à noite. O almoço fica a cargo do seu anjo protetor, seu João, que apresentei aqui por seus dotes como cozinheiro, em especial, no preparo de pães, não é, Laély?


Como o frio vem dando o ar de sua graça, e o vento minuano logo deve estar assobiando por essas paragens (o que faz essa calorenta dar pulinhos de alegria), achei que gostariam de compartilhar dessa invenção "caldosa" bem própria para o inverno. Dona Lili e Bruno, seu outro neto, aprovaram tanto a "sopa de bolas", assim batizada por ele, que agora só recebo pedidos para reprisá-la outra vez e outra vez...




Sopa de bolas


Sigo e persigo a sopa de legumes imbatível da dona Lili fazendo assim: preparo um caldo de carne (de preferência com carne de segunda retirando as gorduras, refogada com cebola e tomates sem pele) e depois junto diferentes legumes e hortaliças: cenoura, chuchu, moranga, vagem, abobrinha, milho verde, espinafre (acrescento no final)...


Para as "bolas", uma versão de um prato alemão (kles?) que comia em estado de graça quando criança na casa da minha amada e saudosa Tadadi: bato dois ovos com uma pitada de sal, bem pouquinho de leite e farinha de trigo suficiente para deixar uma massa firme mas molinha, no ponto de escorregar da colher.
Quando a sopa está pronta, ainda no fogo, com uma colher de sobremesa vou deixando cair pequenas porções da massa no seu caldo.


Cozinho por mais alguns minutinhos, as "bolas" crescem e o caldo engrossa. Então tá prontinha para ir para um pote e, depois de fria, para a sacolona que faz o vaivém diário da minha cozinha à mesa da criaturinha que, como criança mimada, mal me enxerga e já pergunta: "O que temos para a janta de hoje?".


Porque ser mimada é tão bom, fico surda aos alertas sobre os perigos da superproteção e dou voz ao que manda meu coração, com perdão da rima simplória e do chavão: amor e caldo (grosso de carne) não fazem mal a ninguém.


Um domingo amoroso a todos que também não poupam carinho e me abastecem de mimos com suas visitas e comentários aqui. Amém!