Se tem exercício que me faz esquecer do mundo é esse de dar forma a uma proposta sem ideia preconcebida. Adoro os movimentos da criatividade que vão buscando elementos daqui e dali para montar um projeto que se desenvolve assim, espontaneamente, e num belo momento, se mostra pronto.
Foi com esse astral que nasceu o arranjo de Páscoa no balcão da cozinha. Primeiro chegou o coelho, um bibelô barato que ganhou "maquiagem de porcelana" com uns jatos de tinta spray. Foi logo pulando no prato de bolo e pedindo companhia.
Busquei então a saboneteira de anjinhos e foi só olhar para os lados para ver que a pomba de massa de pão, criação da nossa cuidadora na última fornada, ficaria muito bem instalada nesse ninho celestial. Um pouco de palha e pronto, a imagem do aconchego.
Em outro espaço da cozinha, dois pequenos cachepôs saltaram à vista. Bingo! Do tamanho e textura que a cena precisava. Daí foi só dar um pulinho no quintal e colher as cores que me falam da Páscoa: o rosa das flores da Sete Léguas e o azul-quase-roxo das últimas hortênsias.
Tão singelo e tão sedutor aos meus olhos cansados de decorações carregadas ao estilo vitrine de shopping.
Que a gente desenvolva mais e mais o olhar certeiro ao que nos rodeia, e "faça chover" com o que se tem à mão. Valendo tanto nas lidas arteiras, como no trânsito com as situações da vida. Amém.