Bruno, meu sobrinho querido, fiel escudeiro para tantas empreitadas, esteve de aniversário esta semana, e essa tia, numa crise de coração derretido, entregou-se a uma nostalgia daquelas que faz a gente chorar como bobinha a cada lembrança das cumplicidades que nos unem.
O menino crescido, no alto dos seus 12 anos, dispensou festa e badalações, e cada um arranjou um jeito de comemorar com ele em pequenos grupos ao longo dos dias. Hoje foi a nossa vez de finalmente abraçá-lo e, para marcar a data, resolvi por a mão na massa, seu prato preferido, como minha mãe fazia quando era criança em ocasiões especiais.
O ritual começou ontem à noite com o preparo da massa, sob a supervisão da mãe e orientação do filho, já que há anos não fazia a receita.
Para uma boa quantia, numa bacia faça um morrinho com 500 g de farinha de trigo com uma cavidade no meio e quebre 5 ovos, um a um, dentro. Vá mexendo até agregar bem e depois, numa superfície enfarinhada, sove rapidamente. Se necessário, junte mais farinha. A massa deve ficar bem firme. Corte porções da massa e abra com rolo, o mais fino possível. Cobri com uma toalha e as "bebês" dormiram assim.
Hoje pela manhã tratei de cortar o macarrão, enrolando as folhas de massa e usando uma faca bem afiada, em tiras do tipo pappardelle. Não me preocupei muito com a uniformidade, cortei de forma rústica mesmo. A preocupação presente era só uma: não esquecer de reservar as rebarbas para a maior atração da macarronada.
Enquanto o papppardelle caseiro cozinhava em água abundante e salgada, sob os cuidados do homenageado...
... cortei as sobrinhas em pedaços pequenos e fritei em óleo quente. Aí já dava para antever o retorno ao passado... Os fritinhos eram disputadíssimos naqueles tempos em que não existia salgadinho industrializado, então resolvi me desforrar e fiz uma quantidade bem farta deles.
Cobri o macarrão com um ragu (carne de panela com molho, bem cozida e desfiada) e salpiquei rapidamente os "torradinhos", enquanto mãozinhas ligeiras roubavam os petiscos descaradamente.