O carteiro, que sorri com certa familiaridade pelas visitas frequentes, chega com o embrulho e já quero adivinhar quem de longe quis fazer um agrado. Não identifico o remetente e ansiosa abro o pacote. Surpresa!! O livro tão amado e cuidado, presente para o filho ainda criança, que há bem mais de uma década criou asas, volta às minhas mãos como mágica! Quase não acredito, abraço e cheiro para matar a saudade, e vasculho pistas para encontrar o autor de tamanha façanha. Nada! Recorro ao Google, digito o endereço do remetente e caio numa livraria-sebo (Só podia, as edições estão esgotadas há anos! - falo sozinha). Desisto dos meios virtuais para matar a charada e resolvo curtir a alegria. Folheando bem devagarinho, vou reencontrando os velhos conhecidos como acontece com bons amigos: como se estivéssemos juntos ainda ontem. Aí paro na frente desta criaturinha... ... e faz-se a luz! Ora, quem poderia ler meus desejos com tanta clareza e decidir satisfazê-los senão uma gnoma? A comadre, é claro! A generosa amiga da vida toda, dinda com D bem grande do filho que a chama de dinda Baixinha (como prova da sua descendência do povo pequeno), só ela esqueceria, ou deixaria propositalmente de assinar o feito, entusiasmadíssima, projetando minha felicidade.
Só elas, as miúdas elementais da Terra, para me lembrarem com tanta propriedade da grandeza do feminino. Sim, queridas, celebrar é preciso, se enfeitar também, viver em harmonia, mais ainda.
Por telefone
A secretária liga e anuncia que o médico quer trocar umas palavrinhas. Ouço-as, enternecida. Enquanto ele agradece com seu jeito manso a mandala, presentinho de Natal por sua generosidade e competência em momento de grande angústia no ano passado, lembro de nossos capítulos ao longo de 30 anos, com um intervalo de 10, um hiato que também passou pela "mágica" de desaparecer assim que nos reencontramos. Lembro também da sua agenda superlotada, fato que não o impede de reservar uns minutinhos para a gentileza de um telefonema que é um afago pra mim. Quando nos despedimos, tenho uma certeza fortalecida: aqueles que nos inspiram pelas veias da beleza são presentes inestimáveis. Feliz escolha fiz quando o elegi como o profissional que traria meu filho à luz. Ser recebido para a vida por um ser humano desse quilate é um privilégio, também reconhecido por aquele bebê que hoje, homem feito, inunda os olhos ao saber que a primeira pessoa que o recepcionou ainda lembra daquela noite com detalhes... Não é mesmo de emocionar e de se espelhar?
Por comentário
O PAP que mostra a técnica da pintura de mandalas em vidro (clique aqui para ver) é um dos mais acessados no Amém. Sempre fico alegrinha quando penso que alguns desses interessados podem ter sido mordidos pelo bichinho mandaleiro e estarem curtindo trabalhar com as bolachonas de vidro. Ontem, a alegriazinha se transformou em alegriazona. Vejam por quê:
Marcela disse...
Olá! adorei sua explicação! Estarei fazendo estas mandalas com meus pacientes da saúde mental! Eles vão se apaixonar!
Quis agradecer, mas não encontrei nenhum caminho para chegar direto à Marcela. Faço-o aqui, na esperança de que ela volte a dar uma espiadinha neste espaço que ganhou ainda mais valor por suas palavras tão promissoras. Saber que as sementinhas daqui germinam aí é fermento para a dedicação e o cuidado que os leitores merecem, um incentivo a buscar com esmero a linha que nos aproxima em boas intenções.
Por tão belas, significativas e gratas surpresas, sou imensamente grata aos seus protagonistas e à Luz que nos sintoniza. Amém!