Sábado é dia de bolo, assim como segunda-feira é dia de cozinhar feijão, sexta, faxina, e domingo, a velha tradição gaúcha, churrasco. Mesmo que essa rotina nem sempre se cumpra, e é melhor que seja assim, gosto desses rituais domésticos com um quê de saudade dos cheiros, movimentos, alegrias singelas de uma casa onde era filha e esboçava a dona de casa que fui dividida com a profissional por anos a fio e hoje, assumidamente full time.
Então hoje o dia foi ritualístico dentro de tradições que vão se reinventando, encabeçadas por outro personagem que demonstra também curti-las com um entusiasmo que apimenta nossa relação. (rs) Bruno, o sobrinho que é por demais conhecido aqui, já chegou avisando que queria fazer "aqueles" cupcakes de cenoura. Num misto de empolgação e canseira antecipada, concordei, mas fui logo avisando que não ralaria as cenouras sozinha. Ele não se intimidou. Assumiu que se encarregaria da dura tarefa e cumpriu a promessa. Ralou as três cenouronas do início ao fim, e terminou com alguns dedos ralados também, mas nada que lhe roubasse a empolgação. Para ser bem honesta, assumiu toda a confecção dos bolinhos sozinho, enquanto essa tia pipocava entre uma coisa e outra e dava seus pitacos.
A receita é mesmo daquelas que, depois de provada, não se esquece. Muito diferentes dos bolos de cenoura convencionais, batidos em liquidificador, esses cupcakes têm um sabor bem especial, uma mistura de aromas (o gengibre faz toda diferença!) e textura que são uma festa já na primeira abocanhada. Um achado precioso que fiz com a grande crafter Ana Sinhana, também boleira de primeira, com quem adoro trocar figurinhas culinárias. Aqui você encontra a receita bem explicadinha, com todos os detalhes como só uma virginiana é capaz de passar.
Fuê pra que te quero! Pra que batedeira se temos um braço forte à disposição?
Depois de assados e frios, resolvemos inovar na cobertura (apesar da original, de cream cheese, ser ma-ra-vi-lho-sa) pensando na Páscoa que vem aí. Preparamos, ops, ele preparou nossa falsa ganache, misturando 160 gramas de chocolate meio amargo, derretido em banho-maria, com meio pote de doce de leite e, uma novidade trazida pelo mestre-cuca: uma pitada de sal. Fiz de conta que conhecia o truque e expliquei - o sal "acorda" o sabor do chocolate! - e ele aprovou a explicação.
Se a graça do menino era comandar a cozinha, para mim estava muito mais em brincar de fotógrafa. Um clique com esse pratinho... Outro clique com outro pratinho... Em outro ângulo...Vamos ver como fica com a rosinha cor-de-laranja...
Fofo mesmo é ter com quem trocar de papel numa dinâmica tão saudável quanto nossos bolinhos. Que as parcerias nos enriqueçam sempre! Amém.