Foi aberta oficialmente nos últimos dias a aguardada temporada dos biscoitos em forma de pinheiros, estrelas, anjos, papais noéis e muito mais que minha valiosa coleção de cortadores permite recortar. Mas como uma invençãozinha também sempre faz bem, estes aí de cima foram modelados à mão. Rolinhos de massa, da mesma maneira que se enrola pra fazer nhoque, transformaram-se em bengalas do Papai Noel. Perfumam uma lata à espera dos outros que devem sair do forno na próxima semana. Depois serão embalados juntos e seguirão trajetos para adoçar o Natal de alguns queridos.
Lá também mora Papai Noel, numa casinha muito fofa. Deixamos os guris admirando a decoração da rua e corremos para bisbilhotar a morada. Tal filha, tal mãe! Minha mãe esqueceu seus quase 80 anos na calçada e incorporou a meninice, apontando uma coisa e outra eufórica, conversando com Noel como se ali só ele fosse velhinho, posando para fotos como menina faceira. Mesmo sem foco, ou talvez justamente pelo clima mágico que a cena desfocada proporciona, enterneço-me cada vez que vejo esta imagem, que reconheço a troca de papéis, que relembro a felicidade dessa menina sendo conduzida por sua filha a momentos de fantasia. Envelhecer sem enrijecer a alma para os encantos simples da vida é lição para ser treinada desde agora (eu sei já faz tempo), é ensinamento para agradecer sempre, para sempre.
Empenho-me em buscar o encantamento da época seguindo essas tradições singelas e também indo ao encontro de momentos que toquem a alegria da celebração. Numa noite dessas, demos um pulinho a Dois Irmãos, no pé da serra, para curtir a beleza que aquela comunidade e a prefeitura criam no seu Natal dos Anjos. E na sossegada cidadezinha, um pinheiro gigante acendeu o brilho de nossos olhos e provocou longas exclamações a cada troca de cor. Um espetáculo por fora e por dentro provando que reciclagem bem-feita produz resultados belíssimos (as bolas imensas foram montadas com o fundo de garrafas pet).
Lá também mora Papai Noel, numa casinha muito fofa. Deixamos os guris admirando a decoração da rua e corremos para bisbilhotar a morada. Tal filha, tal mãe! Minha mãe esqueceu seus quase 80 anos na calçada e incorporou a meninice, apontando uma coisa e outra eufórica, conversando com Noel como se ali só ele fosse velhinho, posando para fotos como menina faceira. Mesmo sem foco, ou talvez justamente pelo clima mágico que a cena desfocada proporciona, enterneço-me cada vez que vejo esta imagem, que reconheço a troca de papéis, que relembro a felicidade dessa menina sendo conduzida por sua filha a momentos de fantasia. Envelhecer sem enrijecer a alma para os encantos simples da vida é lição para ser treinada desde agora (eu sei já faz tempo), é ensinamento para agradecer sempre, para sempre.
Já na ponta de um dos galhos da árvore genealógica, o neto dessa menina conheceu ontem uma "floresta" de pinheiros. Sem receio de estar incentivando-o a maus-tratos contra a natureza, fui com o sobrinho buscar nossa árvore de verdade, como sonhei nos últimos Natais passados em volta de um pinheiro de mentirinha made in China. Dona Lígia é a guardiã dessa "floresta" com mais de 4 hectares, quase no miolo da cidade. Foi ela que se incumbiu de explicar ao Bruno que na base do tronco de cada pinheiro cortado brotam mais de um, e que por isso há muitas e muitas décadas a área é coberta das grandes árvores-símbolo do Natal e seus filhotes de vários tamanhos.
Minha reserva estava lá desde o finalzinho de novembro, no papelzinho pendurado na árvore um pouco mais alta que eu (ou seja, um filhote pequeno...rsrs).
Minha reserva estava lá desde o finalzinho de novembro, no papelzinho pendurado na árvore um pouco mais alta que eu (ou seja, um filhote pequeno...rsrs).
É preciso ter paciência na "logística" do ritual.
É preciso convencer os envolvidos que o esforço será compensado com o melhor cheiro do Natal: o perfume do pinheiro, especialmente de manhãzinha. Enquanto a casa dorme, ele vai liberando seu aroma silvestre para recepcionar os moradores com um bom-dia perfumado, uma saudação-convite para se viver com mais intensidade os dias de espera pela noite feliz.
Marido e sobrinho se empenharam entre muitos ai-ai-ais e ui-ui-uis a cada encostada nos galhos espinhentos. Bruno clamou pela praticidade e questionou várias vezes se não seria mais conveniente retomarmos o pinheirinho plástico no próximo ano, mas não teve resposta. Até parece que não conhece essa tia teimosa, cheia de vontades quando o assunto é reprisar o que um dia fez o coração disparar.
Vejo a cena de fora e reconheço que também aqui trocam-se os papéis. Assumo os 9 anos do sobrinho conforme a árvore vai ganhando cor e desfio muitos e incontroláveis "Que linda!" a cada novo enfeite. E enquanto isso, o menino da era da instantaneidade, já entediado com a função, pergunta se vamos demorar muito... Mal sabe ele que continuo às voltas com o pinheiro trocando coisinhas, colocando mais algumas, espiando de longe, testando luzinhas, deliciando meus olhos com a vila que mora embaixo dele...
Mais alguns acertos e logo, logo ele estará aqui, combinado?(é preciso paciência com essa natalina...rsrs)