Lembram dos snowflakes da minha árvore de Natal? Pois é, gostei tanto deles, que resisti a guardá-los junto com as bolinhas e outros enfeites e fiquei à espera de uma boa ideia para reutilizá-los. Há semanas, talvez por invejar as nevascas do hemisfério norte, lembrei deles e se acendeu a luzinha aquela que nos move nas manualidades. Mas, como quase sempre, faltava material e tempo para testar o projetinho. Consegui finalmente por a ideia em prática na quinta-feira, apesar do dia tórrido. Mais uma vez peguei carona com Bruno, que desde a experiência com a tinta spray, parece ter-se tornado um apaixonado por grafite. Começamos preparando a peça escolhida para cobaia, um banco bem velhinho. Pintamos os pés de branco e o assento, de azul, tudo com "sprayzadas" descompromissadas, com a intenção de conseguir um resultado mais rústico. Como a tinta seca rápido, minutos depois centralizei a mandala na superfície, ainda um pouquinho de nada úmida, o que ajudou a fixar levemente o recorte de papel.
Com pequenos jatos de tinta de branca, cobri o centro e fui esfumaçando para as bordas. Daí foi só segurar nossa ansiedade e aguardar uns minutinhos para retirar a máscara (com pinça) e ver a mágica.
O efeito positivo-negativo sempre me encanta, e dessa vez não foi diferente. Gostei também dos pontinhos mais carregados de tinta, resultado da falta de jeito com o spray. Parecem estrelinhas, não? O sombreado de algumas áreas acontece quando o estêncil não fica bem fixado, mas isso não me incomodou. O resultado surpresa é uma curtição, sem falar que é um treino bacana para os controladores aprenderem a deixar a coisa acontecer de maneira espontânea. O trabalho é muito fácil, bem de acordo com a paciência que anda curta nesses dias beirando 40 graus nesse Estado tão badalado pelo inverno. Castigada pela ressaca do verão, estranho pensar que para muitos o calor é combustível para a folia de Carnaval. Não só para os foliões e amantes da estação do sol, também na natureza, a seca e as altas temperaturas são fermento para algumas espécies. A bougainvillea na frente de casa é exemplo vivo e muito colorido de que todos os tempos guardam suas belezas. Tento assimilar a lição.
Esta rainha forte (seria de Ouros, Cacau?), que chegou aqui bebê, em poucos anos entrelaçou-se de tal modo no antigo pinheiro, que acabou por roubar-lhe a vida. Faltou dar-lhe limites, eu sei, e também essa é característica a ser melhor trabalhada. Lamento por ele, plantado pelo sogro que também já se foi há mais de 30 anos, mas...
... não posso negar o deslumbramento que sua majestade me contempla da manhã à noitinha com seu maciço de flores "cor-de-maravilha" sempre ao alcance do meu olhar. Um cenário exuberante para a janela da sala/cozinha, reduto onde passo a maior parte das horas dessa vida doméstica intensificada pela mudança de rotina desde a "aposentadoria" e a vinda da mãe para nossa casa.
Que tenhamos olhos espertos, bem abertos, para os tantos recados que o cotidiano nos oferece. Amém.