Sempre me impressiona, e encanta, os fenômenos que acontecem com aqueles que se conhecem profundamente, pelo direito e pelo avesso, lado A e lado B (fazendo vistas grossas com suas implicações....rs). Entre tantas manifestações do poder dessa intimidade, é quando os amigos viajam que uma delas me faz cafuné no coração: relatam em minúcias cenas e passagens que sabem de antemão me causariam um alvoroço de alegria. Às vezes são detalhezinhos, como uma espécie de árvore, a moldura de uma janela, a textura de um doce. E como num toque de varinha de condão, vivencio a situação como se tivesse participado dela, chegando bem perto do sabor, do cheiro, da vibração da cor, da emoção do momento... Comadre tem essa capacidade aguçada de me dar carona nas suas andanças. Descreve como só ela lugares, povos, costumes, tudo ricamente detalhado, dispensando até fotos. Adoro ouvi-la, como criança escuta histórias antes de dormir e vai ficando molinha, molinha.... Dessa vez, voltou com a bagagem transbordando de novidades gastronômicas, culturais, religiosas, comportamentais, depois de uma aventura com sua grande família pela Europa. Num intervalo delicioso do cotidiano meio castigado dos últimos meses, em dia de aniversário, emprestei meus ouvidos com muito gosto para os melhores momentos que ela foi pinçando de acordo com meus interesses. Logo de início, tira uma caixa cor de rosa da sacola anunciando que ali morava uma coleção de coisinhas que recolhera para mim pelos trajetos da "expedição". Assim que a vi, vivi mais uma vez a certeza de que grandes amigos promovem o milagre de se apropriar de nossos olhos e fazer escolhas certeiras dos principais nutrientes da nossa alma. E foi assim que a comadre me trouxe a tesoura mais linda do mundo...
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O dedal mais charmoso...
A latinha de balas mais fofa...
E o São Francisco mais doce.
Na estreia dos presentes, preparei um outro, para uma bela menina que vi crescer e agora usa aliança na mão direita.
Sim, querido Quintana, "amar é mudar a alma de casa". A comadre é fera nisso.
Que por aqui também os canais do afeto estejam sempre abertos, para irmos mais longe, para estarmos cada vez mais perto. Amém!