












Madeira recortada como se fosse papel emoldura as aberturas e a beirada dos telhados. (Lembrei da tua casa, Laély!)
Já na primeira parada, para um pequeno lanche-almoço, as surpresas começam a dar as caras. Bem que o forno na entrada avisa: italianos comem bem e não economizam nos ingredientes.
E a "torradinha", em berço gringo, chega com tudo e mais um pouco que se tem direito arregalando nossos olhos. As fatias gigantes de pão caseiro, fartamente recheadas de queijo colonial e copa, tomam conta de um prato refratário. Serviria as duas, com certeza, mas não fomos avisadas a tempo e então vamos ao "sacríficio", que venci pela metade.
Mas não só de comida farta vive a peculiariade desse lugar. Em um dos cantos, uma cadeira sobre uma mesa me puxa para perto. A dona do Café explica, enquanto olho e olho a beleza do trabalho: ela e a mãe restauram cadeiras cobrindo-as por inteiro com colagens de papel de revistas e jornais. Peças únicas, com designer e acabamento dignos de figurarem nas melhores revistas de decoração. Artesanato original, nem sempre fácil de se encontrar nas rotas turísticas.
Os tons com suas várias nuances impressas no papel conferem delicadeza e identidade às figuras que vão compondo a colagem, no final envernizada.
Onde fica esse reduto de surpresas? Em Nova Milano, no caminho para Bento Gonçalves (RS).
E é por esse caminho que se chega a outro que já fez bonito até nas telas de cinema: o Caminhos de Pedra, onde nesta propriedade foram filmadas algumas cenas do filme "O Quatrilho", em 1995.
Na Cantina Strapazzon, a casa construída toda de pedra irregular em 1880 é a grande atração, nos levando ao passado dos primeiros imigrantes italianos. Nela conhece-se o processo de elaboração do vinho e, no porão da residência da família, as provas de salame, queijo, copa, graspa, suco de uva, vinho, chimia trazem a tradição colonial ao paladar.
As paredes cobrem-se de reverências aos antepassados.
Como não bebo, outros recursos acordam os sentidos, como "degustar" cada detalhe dos rótulos, arte gráfica de primeira.
E como adoro comer, bem-vindas as provinhas salgadas e doces que só aumentam o dilema: Como escolher o que levar pra casa, Dio Mio?