quinta-feira, 11 de março de 2010

O ponto alto da (a)ventura (capítulo final)

No destino mais aguardado da nossa viagem, Santa Teresa, na serra do Espírito Santo, a amiga Laély e seus "meninos" nos esperavam assim, com braços abertos. Com o coração acelerado pela expectativa...
pousar no ninho lá no alto da amiga foi um capítulo à parte, escrito e grifado pelos...gestos amáveis e cuidados especiais, em todos os momentos e por toda parte, como a moringa, os sabonetinhos, as lavandas do jardim e as flores miúdas perfumando o quarto do menino do meio emprestado às hóspedes com sua gentileza cativantee os quitutes de quem não pensa duas vezes para entrar na cozinha e faz um banquete para o almoço de recepção às gaúchas, com direito à mesa embaixo de árvore, flores, prece de boas-vindas... Disposição que segue no dia seguinte: acorda mais cedo para preparar pretzel (delicioso!) para o brunch de domingo, recheado de outros produtos caseiros, como os pães e o creme de açaí, hum... sabor do norte que conquistou o paladar das turistas do sul.
Como os trabalhadores do seu quintal, movidos a vento, nossa amiga se desdobra, movida a entusiasmo e generosidade, e multiplica o tempo dando conta de seu trabalho, da rotina da sua grande família e de paparicar as "meninas" sob seus cuidados.
No papel de guia, não mede quilômetros, e com as inseparáveis câmeras na bolsa, lá fomos nós conhecer outras belezas capixabas, agora serranas, com seus relevos e verdes parecendo patchwork do Criador, como o Vale do Caravaggio
e o Mosteiro Zen Morro da Vargem

que faz da Natureza o motivo maior da reverência e divide com os visitantes sua sagrada perfeição, simbolizada nesse arbusto exótico, que não poderia estar em outro lugar com sua surpreendente forma de mala (rosário budista).

Encantei-me com tamanha semelhança ...

e com a filosofia do lugar, como a Laély conta aqui.
Encantadas, pose para a foto, tentativa de guardar o zen e a felicidade...
que mesclaram, por alguns minutos, a absoluta paz com uma dose gratuita de adrenalina: em busca de uma solução para o longo trajeto até os templos, a amiga motorista segue a pé atrás de uma licença para a entrada do carro, já que essa amiga aqui não teria pernas para a distância. E enquanto espero sentada à beira do belo caminho...
lá vem ela, "voando" na carona de uma moto do mosteiro, bela e faceira, e um clic apressado salva, ainda que desfocado, o registro da cena.
Pé na estrada, de volta a Santa Teresa, parada obrigatória em outro almoço para alimentar todos os sentidos. O Café Haus é aconchegante, rico em detalhes fofos, tranquilo e tem um cardápio elaborado e diversificado. Aí vai uma provinha das iscas crafters e gastrônomicas do restaurante:
Toalhas de crochê cobrem as mesas da varanda em arco-íris.
No quadro com moldura em chita, a chef sugere com muito charme.
Rosas, muitas rosas vermelhas carmim, em contraste com cores fortes, faz lembrar Frida Kahlo.
E nas prateleiras, fofuras em crochê e fuxico dão o tom da identidade do lugar.
Depois da difícil tarefa da escolha, o prato que provocou suspiros: salmão, arroz negro e purê de mandioquinha.
Na mesma quadra do Café, duas lojas levam meus tostões (rsrs) e todos os espaços vagos da mala. Biscoitos, em dúzias de diferentes sabores e formas, herança da colonização italiana, são tradição na cidade, e uma perdição para uma biscoiteira de carteirinha.
Alguns dos que chegaram aqui e foram distribuídos como lembrancinha da viagem: bolo ladrão, sequilho de maracujá, biscoitinho de nata, corações amanteigados e tijolinhos de amendoim.

Na mesma calçada, a ave-símbolo da cidade dá o ar de sua graça em pedacinhos pacientemente agrupados...
e o hibisco mimetista, tímido, tenta em vão camuflar sua beleza na fachada da simpática casa.
A bagagem levou geleia e bolinhos de uva para os teresenses de coração, mal sabia eu que a região está investindo em vinhedos e produzindo vinho, além de outro exótico: o de jabuticaba. A Cantina Mattiello produz e vende os dois tipos, mas como café é vício primeiro, alguns pacotes do grão cultivado e processado lá encarregaram-se de aromatizar a mala junto com os biscoitos.Na casa com as paredes cobertas da história da família e região, em fotos e documentos, cada canto rende imagens "de revista", e escolho a janela bucólica...
pra lembrar daquela última manhã ensolarada em Santa Teresa, que rendeu ainda os últimos afagos no Pingo, amor virtual antigo...amor maior ainda ao vivo (que seu amigo gaúcho Bibi não saiba disso) ...
e rendeu também imagens legendadas assim - Sim, eu estive lá, na Sala da Lá - para dissolver a estranha sensação que volta e meia me rondava anunciando que logo, logo acordaria e estar lá, num espaço real tão conhecido pelo virtual, deveria ser alguma perturbação onírica.
Sim, a famosa bonequinha, marca da fase inaugural do saladala, mora lá...
ao pé da janela...
e em outra janela, um quarteto iluminado emoldura a outra sala, a de jantar...
com sua coleção autêntica e harmônica...
retrato de como a vida circula por todos os cômodos do lar dos Fonseca.
Sim, foi uma semana de sonho, e bem acordadas, tivemos a ventura de vivenciar uma sintonia fina e suave e confirmar que...
somos mesmo da "mesma nuvem", como suspeitamos desde o princípio e ao que mais agradeci aos céus voando de volta pra casa.
Amigos que nos acolhem e abraçam junto nossos amigos são presentes que nenhum futuro poderá levar...
Obrigada, Laély, pela amizade e por estendê-la à Jane. Obrigada, Jane, pela amizade e por estendê-la à Laély. Obrigada, Senhor, pelas amigas tão preciosas. Amém!
Que os próximos capítulos turísticos dessa turma sejam gravados aqui no Rio Grande, onde esperamos a retribuição da visita, combinado, Lá?