sábado, 26 de outubro de 2013

Aberta a temporada (gostosa) de Natal!


Há algumas semanas ouvi um relato de uma grande amiga que me fez pensar que "alguma coisa está mesmo fora da ordem natural". Enquanto o coro da grande maioria constata com ares de espanto que estamos a dois passos das festas de final de ano e essa proximidade começa a deixar as pessoas incomodadas, sua mãe, uma das mulheres mais fortes às intempéries da vida que conheço, me autoriza a pegar a contramão nesse senso comum.
Hospitalizada, a mãe, vó e bisavó dedicada, assim que encontrou com  o médico, pediu com um entusiasmo incomum em uma pessoa doente que queria muito viver o próximo Natal. Ele a tranquilizou, garantindo que estaria em forma para receber Papai Noel, e ela, nos dias em que se recuperava, distante de casa fazia planos natalinos  e pedia aos filhos para cuidarem de suas plantas que florescerão no final do ano.
Agradeci a sua filha por me emprestar o exemplo tão positivo de sua mãe e me disse, finalmente, como boa natalina que também sou: estás liberada para curtir os preparativos que tanto gostas. 
Concordo, e também me revolta que os interesses puramente comerciais tragam precocemente essa data tão bonita às ruas e à mídia, tirando muito da graça, mas me impressiona ainda mais a inversão dos sentimentos que isso tudo provoca. "Alguma coisa está fora da ordem" quando a expectativa de uma época de celebração da alegria mobilize aflição em nós. Talvez o antídoto para esse desvio seja blindar a alma com muita autenticidade para se proteger dessa cobrança formatada em promessas consumistas de uma pseudo felicidade.
Então, este sábado chuvoso não poderia ser mais perfeito para passar horas a fio bisbilhotando as riquezas do Pinterest, como antigamente fazia com uma pilha de revistas, e são tantas, mas tantas ideias para por em prática, que acho que logo, logo vou precisar pedir uma mãozinha aos duendes ajudantes do Noel para dar conta (rs). Enquanto isso, meu companheiro que chegou aqui num Natal especial ouve as exclamações a cada nova imagem - que lindo!!! - bem juntinho, lesionado de uma briga e entediado com a chuva que impede as investidas na rua.
E em homenagem a ele, escolhi o primeiro projeto natalino. "Gateiras", não é mesmo um amor reunir miau e Noel?
(perdoem: esqueci de salvar o nome completo da fonte)
Que não nos falte empenho para buscar o melhor de nós para viver os próximos meses com leveza e encantamento, como merecemos, e para cuidar do nosso ninho com disposição legítima. Amém.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cover de chef em dia de comemoração

Aniversário do marido mereceu almoço de domingo em plena quinta-feira, com cardápio caprichado como a data pede. Para poupar o cozinheiro profissional da casa, cansado pelo trabalho à noite, incorporei sua cover e assumi o fogão com as dicas do prato principal bem à mão. 
Depois da minha receitinha no encarte do Supermercado Rissul, esta semana é vez do filho dar a sugestão: costelinhas suínas ao molho de cerveja escura com purê de batata-doce. 
Vesti o avental me sentindo uma participante do "Que Marravilha", com as mesmas inseguranças mostradas no programa, como se debutasse nessa função, deletando a trajetória de mais 30 anos. Segui os passos tão à risca, que até me desconheci, já que a improvisação parece ser  mesmo a marca das cozinheiras experientes, nem sempre muito positiva. É, ser avaliada é mesmo exercício que mexe com a gente, mesmo que seja pelo filho que conhece a comida da mãe a vida toda. Mas, a experiência foi interessante, por diferentes motivos, e no final, passei pela avaliação do meu Claude (rs) e as costelinhas foram super aprovadas pelo aniversariante. 
Na sobremesa, a chef do dia optou pela certeira mousse de chocolate, preparada na véspera e finalizada na hora de servir com uma invençãozinha da hora.
Como costumamos dizer aqui no sul, o almoço foi de "lamber os bigodes", como bem comprova o aniversariante sem cerimônias, "tocando uma gaitinha", expressão que minha mãe adora.
Que a motivação de temperar a vida com significado e afeto alimente de ternura nossos laços e rotinas. Amém.

Costela suína com molho de cerveja escura

Ingredientes
2 kg de costela suína
600 ml de cerveja escura
1 cebola roxa
3 dentes de alho
4 colheres (sopa) de mel
2 colheres (sopa) de aceto balsâmico
2 colheres (sopa) de amido de milho

Modo de preparo
Temperar a costela com sal e pimenta do reino.
Assar na churrasqueira ou levar ao forno por 40 minutos (selei antes numa frigideira com óleo e manteiga).

Molho de cerveja
Em uma panela larga, colocar para ferver em fogo baixo a cerveja, a cebola laminada, os dentes de alho cortados ao meio, o aceto balsâmico e o mel. Deixar ferver por 10 minutos. Dissolver o amido de milho em um pouco de água fria e adicionar ao molho, mexendo sempre até espessar.
Regar a costela assim que sair da churrasqueira ou forno com o molho. Cortar em porções e regar com um pouco mais de molho.

Mousse de chocolate com crocante de biscoito

Ingredientes
170 g de chocolate amargo ou meio amargo
3 ovos
3 colheres (sopa) de açúcar
1 lata de creme de leite sem soro

Crocante
6 bolachas maria 
6 castanhas do pará
2 colheres (sopa) de manteiga
2 colheres (sopa) de açúcar

Modo de preparo
Bater as claras em neve e reservar.
Misturar as gemas com o açúcar e mexer vigorosamente até esbranquiçar.
Derreter o chocolate no micro-ondas (2 minutinhos em potencia média) ou em banho-maria, mexer para resfriar e acrescentar o creme de leite aos poucos para incorporar.
Por fim, juntar as claras em neve, misturando delicadamente para a mousse ficar aerada.
Colocar em potinhos ou copos, taças, e levar à geladeira por no mínimo 4 horas.

Crocante
Quebrar as bolachas bem miúdo e reservar.
Cortar as castanhas em lâminas finas.
Numa frigideira em fogo baixo, derreter a manteiga e juntar as bolachas, castanhas e açúcar.
Mexer sempre para ficar corado e crocante.
Polvilhar a mousse somente na hora de servir, para manter a crocância.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Muffins divertidos pra criançada

No mês voltado à gurizadinha, fui convidada pela rede de Supermercados Rissul a criar uma receita que agregasse alimentos saudáveis a uma forma atraente de apresentá-los. Pensa daqui, pensa dali, considerei mais produtivo oferecer uma sugestão salgada, já que o universo infantil é bem mais rico em doçuras. E assim nasceram os muffins salgados duplamente fofinhos: na textura e na apresentação super cute. 
Para quem não é da região e não tem acesso ao encarte, aí vai a receita:

Rale 1 cenoura grande e uma abobrinha italiana e reserve.
Numa tigela, bata  4 ovos, junte  100ml de óleo de canola, 1 xícara de leite e uma colher (café) de sal e misture bem.
Acrescente 2 xícaras de farinha peneirada com 1 colher (sopa) de fermento em pó e incorpore com um batedor de metal (fuê) até desmanchar as bolinhas de farinha.
Acrescente peito de peru (200g) picado grosseiramente e,  depois, a cenoura e abobrinha.
Unte e enfarinhe forminhas de cupcakes ou empada.
Encha cada forminha um pouco mais da metade, coloque um quadradinho de mussarela e complete com a massa até próximo da borda.
Leve ao forno preaquecido a 200 graus por aproximadamente 35 minutos.
Espere esfriar e desenforme.

Decoração
tomates cereja graúdos, azeitonas pretas sem caroço, creme de ricota ou cream cheese, salsa 
Modo de fazer:
Corte os tomatinhos ao meio e tire a polpa e sementes.
Numa das pontas, retire uma pequena fatia, e na outra, faça um pequeno corte transversal.
Corte a base da azeitona para achatá-la.
Monte a joaninha sobrepondo a metade do tomate sobre a azeitona.
Faça as pintinhas com pedacinhos de azeitona e os olhos, com pontinhos de creme de ricota.
Cubra os bolinhos com creme de ricota, coloque folhinhas de salsa e, sobre elas, a joaninha.
Use cabinhos da salsa para as antenas da joaninha.
Um lanche de festa ou uma festa de lanche para a criançada! Mas, como todo manual de autoajuda propõe alimentar nossa criança interior, vale também para uma reuniãozinha com amigos de todas as idades. Felizes criancices a todos nós! Amém.

domingo, 29 de setembro de 2013

Gosto do passado de volta à mesa

Bem no meio de uma gripe histórica, batendo ponto por mais de 7 dias, me convenci que merecia um carinho doce e com o restinho de energia do meu corpo castigado pela tosse, fui folhear o caderno de receitas à procura de uma sobremesa fácil de preparar, na medida do meu pouco condicionamento. E o velho e aclamado "sorvetão" pulou das páginas carimbadas de dedos lambuzados para tantas memórias. Alguns sabores, confesso, tenho um certo receio de voltar a provar. É o medo de que o encantamento tenha se perdido pelos anos afora, mas dessa vez resolvi arriscar a trazer o passado de volta. Enquanto preparava a sobremesa da infância, lembrei dos Natais, aniversários, festas de final de ano, onde ele sempre marcava presença para minha alegria. E quando me perguntei como um doce que hoje passa quase batido pela criançada despertava tamanha alvoroço no paladar da gurizada, relembrei com clareza do quanto sorvete industrializado era artigo raro lá nos anos 60, 70. Tão raro, que ir à sorveteria na rua principal era um acontecimento dos mais esperados e festejados. Lembrei também dos carrinhos de picolé anunciados a quadras pela buzina estridente, dos pauzinhos com coleção de bandeirinhas tão almejadas, dos palitos premiados que faziam a gente devorar o picolé para ver se a sorte tinha dado as caras. Acabei me perguntando se a garotada de hoje terá lembranças gustativas tão prazerosas com essa gama infindável de ofertas de consumo sempre ao alcance da mão. Talvez suas melhores memórias passem pelo caminho inverso nessa rotina atual tão apressada. Recordem com saudade das gostosuras feitas em casa, em momentos únicos e raros, muito mais do que qualquer delícia propagandeada que o dinheiro pode comprar. Tomara que seja assim...
E o sorvetão? Não resisti e inventei uma moda na receita original, mas mantive a alma da delícia gelada. 
Ingredientes:
1 lata de leite condensado
a mesma medida de leite
3 ovos
1 colher (sopa) de amido de milho
1 caixinha de creme de leite
biscoitos champanhe
geleia de morango
morangos e chantilly (para decorar)

Preparo:
Faça o creminho básico: leite condensado + leite + gemas + amido milho, em fogo baixo, mexendo até engrossar.
Passe rapidamente os biscoitos numa mistura de leite com chocolate em pó e acomode-os em pé nas paredes de uma fôrma de pudim.
Espalhe geleia de morango no fundo e, por cima, o creme.
Bata as claras em neve e acrescente o creme de leite. Despeje sobre o creme.
Feche a fôrma e leve ao freezer por algumas horas.
Desenforme na hora de servir, aquecendo rapidamente no fogo.
Decore com morangos e chantilly.
E voilá! O presente temperado de passado é mesmo um presentão, ops, um sorvetão! Bom domingo a todos. Amém.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Uma festa handmade (final)



Com quantos doces se monta uma mesa bem bonita? O cálculo levou em consideração o número de convidados e uma dose extra por conta da preferência escancarada da dona da festa por doçuras. Então, a lista com 100 pessoas (mais o plus) indicava mil doces, 850 produzidos pelo filho, namorado da formanda, e pequena equipe. Pareceu-me um número um tanto exagerado, mas quem sou eu para contestar dois profissionais da área (rs). Sim, a nora também se formou em Gastronomia e engrossou o time das panelas que circula na família. 
O cardápio montado pelos dois passou por um couvert com pães artesanais e pastas, creme de moranga e risoto servidos individualmente e o grand finale: os doces!  Mini mil-folhas, trufas... 
sagu  de vinho e creme em copinhos, brigadeiros de chocolate e de bergamota e coco, brownies, olhos de sogra.
Incorporei a boleira que fui e preparei um minibolo personalizado com direito à frigideira e colheres.
Reprisei os corações de brownie das lembrancinhas do aniversário da mãe e juntamos um cartãozinho com o retrato da moça bonita.
A mesa foi a menina dos olhos do salão, sem dúvida. E os mil doces? Fizeram a festa das formiguinhas e pouco sobrou.

Um brinde à doçura de todos os momentos dessa jornada festeira que ganhou forma e sabor por tantas mãos afinadas pelo entusiasmo. Um brinde à felicidade da querida formanda! Amém.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Uma festa handmade (3)

Com quantas flores se enfeita uma festa com ares campestres?
Bem, considerando que as duas "decoradoras" amam! flor, e também têm a mesma preferência por arranjos singelos, dez buquês direto de uma fonte rica, um produtor agrícola de Morro Reuter, estavam de bom tamanho. Elas já começaram a fazer bonito no porta-malas e as frésias trataram de perfumar o carro com um dos cheiros que mais gosto, carona rápida para jardins do passado e lembranças felizes.

Os caixotes por si só já enchiam os olhos, dava até dó desmontá-los. 
Uma mistura de flores antigas, muitas que dificilmente se encontra: orquídeas, bocas-de-leão, sempre-vivas, gérberas miúdas, narcisos, margaridinhas, palminhas roxas, as cheirosas frésias (aqui chamamos de frísias)... Para quem é da região, fica a dica. As tendinhas à beira da BR 116 abrem aos sábados e domingos e vendem também frutas, legumes, verduras, ovos caipiras, tudo fresquinho e a preços imbatíveis (as flores, para terem uma ideia, custam de 3 a 4 reais o buquê).
Tirei do baú xícaras e taças e montamos os arranjinhos, uma delicadeza que à luz do fim de tarde nos encantou ainda mais.
As xícaras azuis ganharam destaque na mesa de doces.
Com alturas diferentes, flores e luminárias casaram com harmonia nas mesas. Viram o detalhe "meigo" da lista de convidados fixada com fitinhas na beirada do tampo?
As frésias também brilharam no cantinho das fotos.
Para os arranjos maiores da mesa de doces, rosas em dois tons rosados e brancas, em taças gigantes.
Um truque descoberto na hora de montagem foi usar arbusto (roubado de um canteiro... rs) como base para ajeitar as flores.
E na mesa do couvert, uma outra versão com as flores do campo e as rosas.
Brincar de florista foi uma delícia à parte na empreitada festeira.
Que nossos velhos dons floresçam renovados a cada desafio. Amém.
E para fechar a festa, no próximo post, os doces!
Para acompanhar os capítulos, aqui e aqui.

domingo, 1 de setembro de 2013

Uma festa handmade (2)

Com quantos corações entusiasmados se faz uma decoração delicada? Neste caso, dois diretamente envolvidos em pontuar o espaço campestre da festa com mimos iluminados. Para isso, escolhemos usar, sem abusar, as toalhinhas de papel, um verdadeiro coringa para inúmeras possibilidades. As doilies miúdas, em formato de coração, enfeitaram os fios de luzinhas e emolduraram o grande vão do salão. Mais simples impossível. Um furinho na toalha onde se passa a lampadinha, sem necessidade de uso de cola. 
Para as mesas, montamos luminárias com taça de espumante como base envolvida em doile versão guardanapo rendado cor de rosa, retangular. Pinguinhos de cola são suficientes para fixar. Dentro do copo, uma velinha. Em julho, quando acabara de bolar a ideia, os pequenos abajures, em duas versões, renderam uma publicação na  Zero Hora, com PAP. 

Dispensamos toalhas de tecido e optamos por papel pardo em tiras, como passadeiras, para vestir as mesas, e para demarcar os lugares, toalhas redondas sobrepostas. 
O jogo do circular com os retângulos de base criaram uma harmonia interessante.

À noite, depois de muito suspense, finalmente pudemos nos encantar com o efeito das luzes acesas junto aos vazados.

Gosto de acreditar que assim como se formata um ambiente, uma festa, também na vida as pessoas têm seu tempo para chegarem e ocuparem seu espaço, muitas delas, acrescentando luz aos nossos dias.
"Um fio invisível vermelho conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou se emaranhar, mas nunca vai se romper." (provérbio chinês)

No próximo post, as flores (lindas) da festa! Que elas nos inspirem a fazer de setembro um tempo colorido. Amém.