quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Somos o que amamos (com PAP)

Não tenho nenhuma dúvida, a afirmação linda de um dos meus "gurus" mais amados, Rubem Alves, é tão verdadeira quanto seu dom lapidado de ler e descrever os pormenores da alma humana. E se somos o que amamos, muito cuidado (rs): tão fácil fica nos decodificarem pelo o que nos rodeia, por nossos amores, pelas escolhas que fizemos por amor, por nossa turma que se encontra pelos caminhos do coração.
Escolhi a frase para o primeiro cenário dos muitos que pretendo criar para citações que me falam à alma. Mas não foi dela que partiu a inspiração. As formas muitas vezes me dizem mais que as palavras. Então, tudo começou assim, numa caixa de bombons, presentinho escolhido com segundas intenções (rs) para o marido. Amei o coração gordo, e sabia desde a primeira olhada na prateleira que ele poderia render bem mais que um agrado para um chocólatra.
Forrei o fundo da base.
Encapei o lado interno e o externo com tecido floral.
Escrevi a citação com caneta para tecido em retalho claro e colei.
Depois, dei à luz uma menininha com cabelos coloridos que ama flores. Desisti de fotografar a "gestação" pelo improviso e jeitinhos que vou dando para formatar as bonequinhas. Sorry! O corpo normalmente é de arame, que torço, emendo, amasso. A cabeça, um fuxico, e as roupinhas, é só lembrar dos tempos em que brincar de costureira das bonecas eram horas que não se via passar. Acomodei a menina na sua casa-coração e escolhi dois outros elementos que me revelam para lhe fazerem companhia: flor de renda e borboleta (amor dos mais antigos).
O quadrinho se juntou a outras coisinhas que amo, e a parede ganhou outra vida com sua recém-chegada moradora. Amei!
Mas se amores antigos têm seu lugar sempre reservado, novos amores arejam a vida com ventinho de renascimento, eu sei. Talvez a frase pinçada para o segundo cenário anuncie que Saramago, tão amado por multidões, está se chegando devagarinho, fazendo a corte e, quem sabe, perderei a resistência várias vezes experimentada com seus livros nas mãos e acabarei seduzida por sua genialidade ainda encoberta pra mim.
Em temporada de procrastinação de verão, seu recado precisa ficar bem à vista.
E foi então parar em cima do espelho, garantindo que será lido, ou ao menos visto com o cantinho do olho. No mesmo espaço do corredor (corre, não! - diz o mestre), outro coração, outra menina, esta uma fadinha também nascida aqui, a almofadinha ganha da amiga Helena, que de tão mimosa se negou a morar na caixa de costura, e a guirlanda do pinheiro, que caiu nos meus amores e agora enche de graça a moldura. Lá no fundo da imagem refletida, as luzinhas de Natal enfeitadas de flores, que já foram do quarto, agora ganharam permanência por todo ano no vão entre a sala e a cozinha. À noite, acendem de vez minha faceta indisfarçável de quem precisa de um clima um tanto mágico e de diferentes expressões da beleza para assegurar (um certo) equilíbrio com as outras facetas da vida, aquelas que não amamos, mas que devem ter, com certeza, suas razões para nos desafiarem.
Para não nos perdermos por aí, que em tempo algum a gente perca de vista o que amamos. Amém!