quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Em dezembro, tantos tons dos nossos dons

"Quando Deus nos dá um dom, não devemos contrariá-lo." 
O conselho dado pela mãe a Jair Rodrigues borboleteou em mim e foi pousar naquela revisão costumeira de final de ano. Revendo as cenas do último mês, confirmo minha paixão por dezembro pelo aval que ele nos dá para soltarmos a criancice, fantasia, imaginação, nossa maior fonte de dons, enquanto nos preparamos para as festas. Reencontro entusiasmada a menina dos meus olhos nessa época de vestir a casa e a vida de outros significados, melhor ainda quando em companhia dos que curtem no mesmo astral. 
E assim foi com a guirlanda, peça que sempre me acorda a inspiração, dessa vez, em versão floral construída em vários capítulos. Sequei por semanas as rosas exuberantes, presente do meu filho a minha mãe, hortênsias, margaridinhas e sempre-vivas. Depois, agrupei-as numa base montada com gravetos e juntei bolinhas cor de rosa e verdes. Tudo casou tão bem, que já tenho planos para deixá-la conosco o ano todo, substituindo as bolinhas por mais flores.


Biscoitos, outra paixão sem idade, reuniu uma turminha animada em volta de cortadores e glacês. Minha mestra confeiteira, a tia de 89 anos, deu o tom e a orquestra formada pelo sobrinho, 11 anos, minha mãe, 81, sua cuidadora e eu tratou de seguir o arranjo sem desafinar. Bolachinhas de mel, da Lu Gastal, e amanteigados rendados, usando a técnica mágica do crochê prensado, renderam lembranças tão doces quanto os presentinhos depois distribuídos.

Com a proposta de uma decoração usando materiais que tínhamos à mão, o sobrinho Bruno se divertiu repaginando a árvore confeccionada por ele no ano anterior. Tinta spray é brincadeira das boas! Em minutos, um vermelho lindo, no tom Coca Cola, transformou o pinheiro, que ganhou festão e bolas com guizo, a única concessão ao made in China.
Como comprovação de uma das melhores mudanças dos últimos tempos, a do reconhecimento ao manual como tendência que veio pra ficar, meus docinhos e cogumelos foram parar no Jornal Zero Hora. Alegria com gostinho de presente do Universo pelo exercício de persistir no caminho das invenções de moda.
Investi também numa moda retrô, tão explorada pelas tias quando eu era criança e que tanto me encantava. Assei bolinhos de frutas em latas de goiabada, sardinha, atum... A decoração, também singela, não pode ser mais fácil: um recorte de papel sobre a superfície e açúcar de confeiteiro polvilhado. Com jeitinho, retira-se a matriz e o bolo está carimbado.
Mas outros tons, não só dos crafts e confeitos, fizeram o mês mais criativo e feliz. Bruno, flautista entusiasmado...

... deu ouvido desde cedo ao seu dom e está aprendendo com maestria que essa é a chave para abrir muitos sonhos à realidade. Papai Noel resolveu compensá-lo: vem aí os sons do sax para embalar nossa corujice!
No Natal mais iluminado do país, em Gramado, amigos queridos também dão o tom para viver no compasso do que alimenta a alma. Gastão e Susi tocam, cantam e a gente aplaude os tantos talentos da dupla, em especial, o de sintonizar seus dons.
Nesse mosaico de inspiração, na ceia do nosso Natal em cenário novo, numa casa entre pinheiros na serra gaúcha, terra do Papai Noel, a certeza de que a simplicidade também é proposta para ser perseguida. Um fio de luzinhas e um galho seco, hortênsias do jardim, um panfleto de farmácia, velinhas, a comida boa do filho que faz chover com seu dom e o clima estava feito, perfeito.
Hoje, outro recado no Facebook me balançou: "Quem sabe do que gosta, sabe o que quer". Palavras da Flavia Ferrari, do Decoracasas, a quem admiro por saber tão bem nos contagiar com o que gostamos em coro. 
Os personagens encantados do meu pinheiro - algumas, criaturinhas nascidas pelas minhas mãos, outras, presentes daqueles que conhecem meu avesso crianção - traduzem o maior dos votos para 2013: que a gente continue capinando com vontade, retirando os inços, para descobrir novos gostos, outros dons e fortalecer aqueles que sempre iluminam a vida de prazer e alegria. Amém!