Resisto à "proposta indecente" do comércio de inaugurar a temporada natalina com dois ou três meses de antecedência, como temos visto nos últimos anos. Época de saudosismo à flor da pele, quanto mais quilômetros rodados vou acumulando, mais cresce a necessidade de recuperar e preservar a graça dos Natais da infância e dos tempos do filho criança. Enquanto espero dezembro chegar, uma incoerência grande pula à vista ouvindo a humanidade em coro reclamar da velocidade do tempo, da escassez dele, e observando o quanto colaboramos em massa para essa aceleração, antecipando ciclos, abreviando intervalos. Quantos de nós arregalamos os olhos quando nos deparamos com lojas e shoppings decorados com Noeis logo depois do Dia das Crianças, isso em outubro!, e acabamos embarcando nessa ansiedade tão bem dirigida a vendas gordas? Considerando que esses cenários permanecerão até janeiro, teremos apenas 9 meses entre o Natal 2010 e o 2011. E assim, impactados mais uma vez, chegaremos ao próximo outubro exclamando o chavão da hora: Nossa, mas já é Natal novamente!
Vou soltando o freio de mão aos poucos e hoje então, no primeiro dia de dezembro, abro as portas à contagem regressiva para a visita de Papai Noel. Na porta, as boas-vindas ao clima da festa no tom que mais gosto: lúdico.
Panelinhas e utensílios de cozinha em miniatura são paixão que não mede idade.
Reuni vários deles ( hoje tão acessíveis em lojas de 1,99 que precisei um esforço extra para não encher o cesto com suas variedades) em volta de uma guirlanda de palha.
Preenchi os intervalos com bolinhas foscas e brilhantes...
e com florzinhas montadas nas sementes de eucalipto como as que ensinei aqui. Há poucas horas no seu lugar, não me canso de namorar a fofura rosa-amarela-lilás, saudando a menina que mora em mim, aquela que me dá o norte dos prazeres e ancora a alegria, também nessa época de certas melancolias.
Mas quem não combina com nenhuma tristezinha, e me avisou muito antes do calendário que o Natal vem chegando, dispensa as chamadas marqueteiras, acorda devagarinho, no seu tempo, no final de novembro...
e explode em estrelas, como fogos de artíficio, numa festa merecida para quem renasce apenas uma vez no ano, apenas no Natal, e para minha felicidade, no meu jardim.
Que tenhamos um mês de alegrias verdadeiras! Amém!