sábado, 26 de junho de 2010

Chove lá fora...

Crochê
E aqui faz tanto frio...
Crochê
Me dá vontade de crochetar...
Crochê
Em círculos, casando cores sem a preocupação de combinar na mandala intuitiva...
Crochê
Enfileirando pontos altos até alcançar o diâmetro do assento do banquinho, herança da tia Dada...
Crochê
Para vesti-lo a rigor para o inverno que convida ao recolhimento e...

Crochê
a um chá ou café quentinhos (fico sempre com a segunda opção) com biscoitos (vindos de Santa Teresa-ES).
Biscoitos
Um ritual que tece juntos o prazer de renovar o antigo e o entusiasmo de resgatar essa força ancestral de crochetar que num "passa passará" vai reunindo as gerações de mulheres num único fio, em laçadas de afeto, e num mesmo refrão-convite: "Passa, passa, passará/quem detrás ficará/a porteira está aberta para quem quiser passar".
A todos, um fim de semana aquecido pelo o que nos faz bem. Amém!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pagando mico e dando o bolo...


Para Laély, que nessa data querida estreia idade nova, logo após os "5 dias com ela" (vejam post da aniversariante aqui) na minha casa e na região que mais gosto do Rio Grande, a serra. Amigos de perto, todos, já ganharam bolinhos de aniversário preparados por essa boleira que desde criança adora esse ritual da cozinha. E quem diz que só porque estamos a 2 mil quilômetros de distância não poderia estender a mania de presentear com doçuras à amiga recente, que mais parece amiga de infância? Lembrando do seu comentário no post anterior, e as palavras do mestre Saramago: "Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória", investi em nova tentativa de desvendar os segredos do bolo de mamão da Pousada Aldeia dos Sonhos, às pressas ontem à noite, para oferecer-lhe um remember gustativo daquelas manhãs ensolaradas.
Bolo de mamão para Laély
Dizem que a intenção que colocamos em nosso trabalho, seja ele qual for, é ingrediente poderoso que se manifesta, cedo ou tarde, no resultado. Então, só posso creditar ao enorme desejo de finalmente acertar a tal receita para presentear minha madrinha virtual o fato de que o bolo, dessa vez, deu certo! Mesmo faltando aveia suficiente e açúcar branco na despensa, a massa chegou perto da textura da original, devendo só na coloração, meio esmaecida (acredito que precisava de um pouquinho mais de bicarbonato de sódio). Já era "amanhã" quando a surpresa saiu do forno, linda e cheirosa. Já era o dia da Laély celebrar a vida renovada, e então improvisei uma vela de castanha-do-pará, de acordo com o berço nortista da aniversariante, acendi, o perfume do pavio gorduroso invadiu a noite gelada, e enquanto fotografava procurando a melhor luz, sabia que essa mesma luz já estava chegando lá, abraçando a Lá, teletransportado pelo infalível canal do afeto.
Mas para o presente estar completo, precisava ainda atender-lhe um pedido, também revelado no comentário do último post. O que não se faz pelos amigos! Arrisco minha reputação (rsrs), mas ganho mais um pedacinho do coração de marshmellow da amiga - ponderei antes de postar a última foto. Aí então estamos nós, em momento de "mulher de serventia", como conta a Helena aqui, na intimidade de uma manhã na minha cozinha (bagunçada) , às voltas com o bolo de mamão. Entusiasmadas com a receita que mal sabíamos nós quanta frustração geraria, tão afoitas para colocar as mãos na massa que encaramos a aventura com os trajes de gala da noite e os cabelos de acordo com eles. (rsrs)
Confissão - A foto foi envelhecida no editor de imagens com dois propósitos: refletir o clima "vintage" daquele momento inesquecível de parceria e proteger as "moças" dos detalhes, porque se desapegar-se da vaidade é aprendizado nobre, salvaguardar a auto-estima é exercício diário de bom-senso... (rsrs)
Se quiserem arriscar (vale a pena!), aí vai a receita rebatizada e corrigida:
Bolo de aniversário da Laély
No liquidificador: 2 xícaras de mamão, 3 ovos, 1/2 xícara de óleo de canola, 1 xícara de açúcar mascavo, 1/2 xícara de açúcar refinado. Despeje a mistura em uma tigela e acrescente: 1 xícara de aveia flocos finos ou médios, 2 xícaras de farinha de trigo peneirada junto com 1 colher (sopa) de fermento em pó e 1 colher (sobremesa) de bicarbonato de sódio. Misture bem e junte 1 colher (sobremesa) de canela em pó, 1 colher (café) de cravo-da-índia moído e 1 colher (sopa) de casca de laranja ralada. Despeje a massa numa fôrma pequena, untada e enfarinhada, e leve ao forno em temperatura alta nos primeiros 20 minutos e média nos outros 20 minutos.

Feliz aniversário, feliz renascimento, querida!

domingo, 20 de junho de 2010

Na Aldeia, o dia começa assim....

Café da manhã da Aldeia dos Sonhos
Com as iguarias produzidas na cozinha da pousada para o café da manhã que recepciona os hóspedes com um desfile de bolos, tortas, pães, frutas, um jeito doce e delicioso preparado e servido pelos proprietários, que acorda o apetite e convida a estender a refeição sem pressa, mesmo que lá fora o Sol lembre que a serra nos espera para desbravá-la.
Café da manhã da Aldeia dos Sonhos
Estamos em miniférias, e se me falta o hábito no dia-a-dia de sentar numa mesa sortida para começar a jornada com uma rotina saudável, brinco de ser pessoa comprometida com a alimentação regrada e cumpro o ritual do início ao fim. Um sacrifício (rsrs) que dá partida com as frutas porcionadas, os cereais, iogurtes, sucos, passa para o café com leite reabastecido mais de uma vez, e segue com os pães (destaque para os cachorrinhos-quentes de uma massa tenra e verdadeiramente quentinhos), sem esquecer em nenhum momento de reservar um bom espaço para o grande final: os bolos de laranja, coco, mamão*, banana, a cuca cremosa e a estrela do bufê: a cheesecake de amora.
Café da manhã da Aldeia dos Sonhos
Enquanto nos entregamos a essa orgia de sabores, vamos tentando identificar os ingredientes e modo de fazer das receitas, até que... bingo!: ao menos uma delas, a cuca cremosa, é velha conhecida e frequentadora assídua do meu forno, conto entusiasmada à Laély, já propagandeando o jeito vapt-vupt de prepará-la. Sinto-me salva. Quando a saudade desse momento bater à porta do coração, posso recuperá-lo indo pra cozinha juntar farinha, ovos, leite condensado... e enquanto a cuca assa, trazer o cenário da Aldeia e das companhias para a linha imaginária e, depois, curtir o faz-de-conta de voltar no tempo enquanto saboreio a lembrança e o doce caseiro.
Antes disso, aproveito uma manhã em que a visita querida ainda está ao lado para mostrar a ela a confecção da receita, já pensando em repassá-la a vocês. Aprovada por seu paladar de formiguinha, Laély não pensa duas vezes em levar uma porção da cuca preparada a quatro mãos na sua mala de bolinhas. Soube que chegou meio desestruturada, mas mesmo assim foi devidamente degustada por sua turma de meninos.
Cuca cremosa
Vamos à receita?
Ingredientes da farofa: 100g de manteiga sem sal em temperatura ambiente, 1 xícara de açúcar, 1 colher (sopa) de fermento em pó, 3 colheres (sopa) de maisena, 1 ovo, 2 1/2 xícaras de farinha de trigo, 1 colher (sobremesa) de canela em pó
Ingredientes do recheio: 1 lata de leite condensado, 1 lata de creme de leite, 2 latas de leite, 2 gemas peneiradas, 3 colheres (sopa) de maisena
Modo de preparo:
Prepare a farofa juntando todos os ingredientes até formar uma mistura granulada. Reserve.
Para recheio, misture também todos os ingredientes e leve ao fogo mexendo até ficar cremoso.
Unte um refratário e distribua metade da farofa, o recheio e o restante da farofa.
Leve ao forno em temperatura alta por cerca de 30 minutos ou até a farofa ganhar um dourado leve.
Variações: acrescente frutas fatiadas (banana, maçã, morango) entre a primeira camada de farofa e o creme.
Cuca cremosa
Enquanto os capítulos da estada da Laély no Rio Grande vão sendo repassados aqui, e os dias partilhados começam a ganhar aura de passado, lembro desse conselho e deixo-o registrado como uma bela receita para temperar a vida:
Se sua vida não tem saudades, crie-as. Viver sem este sentimento é o mesmo que cozinhar sem sal (ou açúcar)... O sabor vai embora. (Saul Brandalise). Amém!
*O bolo de mamão continua em laboratório, testado aqui e lá, na Sala da Lá, enquanto buscamos desvendar a alquimia dos ingredientes, que até então só resultou em estranhos pudins. Como teimosia é do nosso feitio, assim que acertarmos a mão repassaremos a receita, seus segredos e estaremos mais em paz (rsrs).