terça-feira, 11 de setembro de 2012

"Nossos dias (em volta da mesa) com Laély"


"Às vezes dá vontade de agarrar a vida com uma, duas, dez mãos e levar à boca, e trincar nos dentes como uma fruta no ponto." 

Adoro caçar palavras para casar com imagens, um exercício prazeroso semelhante ao que o desafio do passatempo  nos traz quando acabamos de preenchê-lo.
Ou quando consigo cruzar o maior número de vocábulos no meu jogo preferido desde a infância, guardado como relíquia, sempre pronto a ser desengavetado se encontro um parceiro para a brincadeira.
A síntese da poesia, dos aforismos, me salva muitas vezes para que o exagero de palavras não roube a potência do que quero dizer. Se associada a fotos significativas, tá feito o registro  do jeito que gosto de guardar aqui o que me é de valor.
Então, para eternizar o feriadão especial com a amiga que pela segunda vez vem me visitar, fiz uma seleção de imagens. Como a ocasião merece, juntei poemas de Roseana Murray, minha "ídola" na maestria de "poetar" o cotidiano, e batizei de "Nossos dias (em volta da mesa) com Laély".


Hoje arrumo as flores
em cima da mesa
as frutas na memória
quero um dia bem simples
alguma luz pousada
na superfície da água ...


Depois de um churrasco bem gaúcho no almoço do feriado, outra mesa nos esperava para dupla comemoração. E enquanto a mãe jantava, nós duas nos embonecávamos para a noite.

hoje chamo para mim
amorosas palavras
que vivam um dia
perto do meu coração
que corram pela casa
com sua mistura de mel e espanto ...


Quem diria que o universo seria tão generoso e nos oportunizaria brindar o primeiro ano do Vero, restaurante do filho, em tão querida companhia. 
Eu fui de peixe... 
e as parceiras apostaram no entrecot com farofa de erva-mate, prato guardado na memória gustativa de Laély desde a primeira vinda a minha casa...
e recebido assim, com entusiasmo de criança.

Sobremesa refrescante na noite com cara de verão prematuro, aquecida pelo reencontro das "três mosqueteiras" (boas de garfo...rs)
e a pose no grand finale, reunindo ingredientes de um verdadeiro banquete pra alma: Jane, amiga-irmã de longo trajeto, e Laély, pinçada nos meus primeiros passos pelo mundo virtual, num golpe que só o Mestre seria capaz de acertar, junto com o autor das minhas maiores alegrias, ambas grandes torcedoras pelo seu sucesso.

No sábado, as meninas subiram à serra e, como amigo costuma fazer, trouxeram na sacola um pedaço do passeio que não pude saborear.

Motivo para mais um encontro na minha cozinha, dessa vez no café da manhã do domingo que, como percebeu minha mãe, amanhecera cinza porque até o tempo já estava triste com a despedida que se aproximava. Mas antes dela, muitos motivos para se alegrar: a geleia de bergamota deliciosa, mimo de amiga recente do Facebook, prova de que a doçura corre solta "online"...
 os biscoitos tenros de Santa Teresa, terra da visitante...

a conversa solta nos papos de mulherzinha
(de tantas gerações), as risadas, o cheiro do café passando,  do pão tostado, a algazarra das maritacas no pinheiro do vizinho...

Cenário e roteiro que lembram novela, protagonistas que se orgulham da coragem que permitiu os valiosos encontros como personagens reais. 

alguém parte com um ruído seco
alguém sempre está partindo.

Mas o presente da visita, que já é de casa, fica. Fica por toda casa, conjugado no passado recente, de olho no futuro próximo. Está ali na parede e faz meu coração dizer um Amém tão forte, que quase ouço seu eco lá no Espírito Santo. Que assim seja!
Para conferir nossos outros encontros, eles estão aqui, aqui,aqui, aqui, aqui e aqui.