terça-feira, 14 de junho de 2011

Combin(ação)

Era uma vez dois buquês de rosas singelas cultivadas por uma inesquecível figura que já apresentei aqui: dona Julita. Se ainda não a conhece, pegue este atalho e garanto que também a guardará num cantinho iluminado da memória.

Eram quase duas da tarde quando os namorei de longe, enfeitando sua Kombi estacionada no acostamento da BR 116, em Morro Reuter (RS), recheada de legumes, hortaliças, frutas, "sem veneno", como se orgulha.

Foram primeiro duas mãos que se apossaram rapidinho de um deles, as minhas, depois da inevitável dúvida: qual o mais bonito? Dúvida sem resposta, já que os dois reuniam flores igualmente encantadoras de duas mesmas roseiras-mães, uma cor de rosa clarinho, outra, branco quase manteiga.

Dois instantes depois, uma olhada para essa casa da vizinha, e com dois sorrisos abertos nos saudamos. Ela desce ao nosso encontro. Outras duas mãos ansiosas se apoderam do buquê gêmeo antes do abraço gostoso do reencontro. E essas mesmas mãos que acariciam as pétalas enquanto propagandeia o perfume das flores, mãos que também lidam com maestria com a terra, em outro estado, a argila, clica e eterniza a beleza nascida no jardim da agricultora. Olha ela aí!


(Foto: Anelise Bredow)


Com dois beijos, de comadres, me despeço da querida senhorinha da Kombi.
Com dois cafés somos recebidos no intenso casarão vermelho da Anelise, palácio de uma princesa que vive de arte, e com dois dedos de prosa já sabemos que, se o relógio permitisse, a tarde passaria a galope entre tantos assuntos que nos linkam. Fica pra outro dia. Outros dois beijos selam a amizade e as mãos que abanam prometem um até breve.

Até chegar em casa, faceirinha com os dois encontros, com o passeio que sempre me devolve a fatia da natureza que me faz falta, estive cega à outra ação combinada involuntária tão linda. Mas assim que coloquei os dois pés na cozinha com o pequeno ramalhete e meus olhos pousaram na toalha companheira do dia-a-dia, tive um up de alegria. Não é que as rosas trazidas são iguaizinhas às estampadas no oleado "vitoriano"?! Pelas belas combinações que surpreendem e desbancam nossa mente tantas vezes convencida de ser a única roteirista das nossas histórias, pelas perfeitas sincronias, em três vozes com as duas amigas deixo a mais pura oração...

(Foto: Anelise Bredow)

Gracias a la vida, que me ha dado tanto! Amém!