Casal de amigos que não conhecia a casa, mas conhece os donos há mais de 30 anos, veio jantar ontem. E com tempo para pensar e organizar o encontro, dediquei parte das horas aos preparativos. Um luxo impraticável até semanas atrás, quando as sextas-feiras eram os dias mais puxados de trabalho. Sentindo-me então uma privilegiada, deliciei-me nas tarefas de ajeitar a casa, bolar e executar o cardápio. Gosto das filosofias que valorizam o estar atento ao agora, o colocar atenção em cada movimento e ação, sejam elas grandiosas ou tão pequenas e rotineiras que facilmente nos passam batidas. E enquanto montava o cenário e mexia em panelas, lembrei dos relatos que acompanhei durante a semana das amigas virtuais que se assumem "pão duras", econômicas, como a Cynthia e a Ana Medeiros. E relembrei do quanto fazer parte dessa turma "mão fechada" facilita também a minha vida, de como o "fazer chover com pouco" é exercício que não canso de treinar. Incorporada desse princípio, fui em busca dos meios para "customizar" o jantarzinho, botando fé que o fim (que as visitas se sentissem recebidas com alegria e carinho) justificaria o empenho.
No jardim castigado pelo frio rigoroso e ainda desfalcado de flores, abri um pouco mais os olhos e logo encontrei soluções para recepcionar os convidados com cor. As "bromelinhas" parasitas das árvores velhas são paixão antiga. Costumávamos enfeitar o presépio com elas quando criança. Eram vendidas pelo verdureiro na época de Natal. O Péia, uma vez por semana, estacionava sua camioneta abastecida de produtos de sua chácara e reunia as donas-de-casa da rua em volta num burburinho de conversas e pechinchas. Lembro que torcia para que sobrasse algum dinheiro à minha mãe depois de escolher legumes e verduras para levar algumas das lindas flores para o nosso pinheiro. Hoje elas estão ao alcance da minha mão assim que sopra um vento mais forte que as leva ao chão, não custam nada, mas pagaria para tê-las, sem dúvida, pela beleza tão singular da sua forma e combinação estonteante de tons. Rosa e roxo, as pequeninas também me lembraram outra preciosidade da natureza: os grandes ananás que a Laély mostra no seu post de hoje, com as mesmas cores. Confira aqui.
Acomodadas no suporte de madeira da entrada, recepcionaram os convidados com a elegância incontestável do singelo. E foram também alegrar a sala, junto com outros achados miúdos, alguns até malquistos, como a erva-de-passarinho (?), que se enrolou no pescoço do vasinho cor-de-rosa e inventou bossa para se casar com a rosa "achada" na calçada da vizinha. Na jarrinha, temperos também fazem bonito, como os pendões do manjericão e da sálvia, os botões perfumados da laranjeira, algumas poucas das também cheirosas e ainda raras lavandas, galhinhos de alguns "inços" e as bromelinhas.
No jardim castigado pelo frio rigoroso e ainda desfalcado de flores, abri um pouco mais os olhos e logo encontrei soluções para recepcionar os convidados com cor. As "bromelinhas" parasitas das árvores velhas são paixão antiga. Costumávamos enfeitar o presépio com elas quando criança. Eram vendidas pelo verdureiro na época de Natal. O Péia, uma vez por semana, estacionava sua camioneta abastecida de produtos de sua chácara e reunia as donas-de-casa da rua em volta num burburinho de conversas e pechinchas. Lembro que torcia para que sobrasse algum dinheiro à minha mãe depois de escolher legumes e verduras para levar algumas das lindas flores para o nosso pinheiro. Hoje elas estão ao alcance da minha mão assim que sopra um vento mais forte que as leva ao chão, não custam nada, mas pagaria para tê-las, sem dúvida, pela beleza tão singular da sua forma e combinação estonteante de tons. Rosa e roxo, as pequeninas também me lembraram outra preciosidade da natureza: os grandes ananás que a Laély mostra no seu post de hoje, com as mesmas cores. Confira aqui.
Acomodadas no suporte de madeira da entrada, recepcionaram os convidados com a elegância incontestável do singelo. E foram também alegrar a sala, junto com outros achados miúdos, alguns até malquistos, como a erva-de-passarinho (?), que se enrolou no pescoço do vasinho cor-de-rosa e inventou bossa para se casar com a rosa "achada" na calçada da vizinha. Na jarrinha, temperos também fazem bonito, como os pendões do manjericão e da sálvia, os botões perfumados da laranjeira, algumas poucas das também cheirosas e ainda raras lavandas, galhinhos de alguns "inços" e as bromelinhas.
E na mesa do jantar, as primeiras orquídeas, moradoras da goiabeira, dão o ar da sua graça, anunciando que a primavera não demora a chegar. Missão bem cumprida pelas meninas de diferentes espécies que devem saber do meu apreço por elas e da minha antipatia por todo o sempre pelas flores artificiais, de toda e qualquer qualidade. O "parecem naturais!" que agrada a tantos e a tão aplaudida praticidade das flores reproduzidas em tecido estão a quilômetros do que me seduz. Mil vezes os inços e os matinhos, vivos de verdade.
Vela é recurso tão lindo, tão significativo, tão barato, não pode faltar. Parmesão de verdade também não (no final das contas, ele sai mais em conta do que o queijo em saquinhos, faça as contas), se o cardápio é de massas. O queijo já ralado, não tão bom, entrou como segunda opção para o caso de preferirem a comodidade. Louça com história também faz uma diferença e tanto. A tigela personalizada foi presente de casamento da tia Dada, e segue presente em capítulos especiais.
E o que tivemos para jantar? Talharim com ragu de carne. Ragu?! Molho de carne cozida no vinho por muuuuitas horas. Saborosíssimo e... muito econômico, não tem como não recomendar. A base da receita é assim: numa panela alta, frite cerca de 1 kg de carne de segunda (aqui no Sul, as mais conhecidas são chamadas de agulha e paleta) em pedaços grandes, temperados com sal e pimenta-do-reino. Junte 2 cebolas e 2 dentes de alho picadinhos, 1 lata de tomates pelados ou 6 tomates sem casca picados, 3 cenouras cortadas em pedacinhos, e refogue. Coloque 2 folhas de louro e 3/4 de uma garrafa de um bom vinho tinto seco (qualidade média a preço em torno de 10,00 a 15,00 está mais do que bom). Abaixe o fogo e deixe cozinhar por no mínimo 3 horas, acrescentado o restante do vinho e água para não queimar a carne e obter o molho. No final do cozimento, a carne está tão macia, que para desfiá-la basta usar dois garfos. Junte a carne desfiada ao molho, corrija o sal e sirva sobre o macarrão da sua preferência.
E o que tivemos para jantar? Talharim com ragu de carne. Ragu?! Molho de carne cozida no vinho por muuuuitas horas. Saborosíssimo e... muito econômico, não tem como não recomendar. A base da receita é assim: numa panela alta, frite cerca de 1 kg de carne de segunda (aqui no Sul, as mais conhecidas são chamadas de agulha e paleta) em pedaços grandes, temperados com sal e pimenta-do-reino. Junte 2 cebolas e 2 dentes de alho picadinhos, 1 lata de tomates pelados ou 6 tomates sem casca picados, 3 cenouras cortadas em pedacinhos, e refogue. Coloque 2 folhas de louro e 3/4 de uma garrafa de um bom vinho tinto seco (qualidade média a preço em torno de 10,00 a 15,00 está mais do que bom). Abaixe o fogo e deixe cozinhar por no mínimo 3 horas, acrescentado o restante do vinho e água para não queimar a carne e obter o molho. No final do cozimento, a carne está tão macia, que para desfiá-la basta usar dois garfos. Junte a carne desfiada ao molho, corrija o sal e sirva sobre o macarrão da sua preferência.
Uma outra opção, caso houvesse alguma rejeição à carne vermelha, foi uma versão de yakisoba improvisada com os vegetais da geladeira: alho-poró, ervilha torta, cenoura, refogados rapidamente, um grupo de cada vez, em azeite de oliva com a frigideira bem quente, depois combinados com iscas de frango e, no final, com penne (uma heresia, que me perdoem os orientais). Adoro o colorido que isso rende!
E o final feliz: mousse de chocolate branco com calda de maracujá. Receita preparada meio "no olho", desse jeito aqui: pique 1 barra (180g) de chocolate branco, coloque numa panelinha com 250g de nata (creme de leite fresco). Leve ao fogo baixo e mexa até o chocolate derreter, acrescente 2 gemas e cozinhe mais 2 minutos. Bata 2 claras em neve e junte 1 colher (sopa) de açúcar. Dissolva 3 folhas de gelatina sem sabor e sem cor ou 1 colher (sopa) de gelatina em pó sem sabor conforme a embalagem e junte às claras em neve. Por fim, misture delicadamente o creme de chocolate. Para a calda de maracujá, usei o suco de 3 frutas com 2 colheres (sopa) de açúcar e meia xícara de água e levei ao fogo por cerca de 1o minutos. Coloque a metade da mousse numa tigela e leve à geladeira até solidificar. Espalhe um pouco da calda e cubra com o restante da mousse. Devolva à geladeira e, antes de servir, cubra com mais calda e umas sementinhas. Para brincar de Nigella, esfarelei algumas bolachas de chocolate e polvilhei a primeira camada antes da calda.
Que muitas outras noites fartas movimentem a ciranda das amizades.
E o final feliz: mousse de chocolate branco com calda de maracujá. Receita preparada meio "no olho", desse jeito aqui: pique 1 barra (180g) de chocolate branco, coloque numa panelinha com 250g de nata (creme de leite fresco). Leve ao fogo baixo e mexa até o chocolate derreter, acrescente 2 gemas e cozinhe mais 2 minutos. Bata 2 claras em neve e junte 1 colher (sopa) de açúcar. Dissolva 3 folhas de gelatina sem sabor e sem cor ou 1 colher (sopa) de gelatina em pó sem sabor conforme a embalagem e junte às claras em neve. Por fim, misture delicadamente o creme de chocolate. Para a calda de maracujá, usei o suco de 3 frutas com 2 colheres (sopa) de açúcar e meia xícara de água e levei ao fogo por cerca de 1o minutos. Coloque a metade da mousse numa tigela e leve à geladeira até solidificar. Espalhe um pouco da calda e cubra com o restante da mousse. Devolva à geladeira e, antes de servir, cubra com mais calda e umas sementinhas. Para brincar de Nigella, esfarelei algumas bolachas de chocolate e polvilhei a primeira camada antes da calda.
Que muitas outras noites fartas movimentem a ciranda das amizades.
Que o "cordão dos customizadores" cada vez aumente mais.
Que o domingo seja do tamanho do que sonhamos para ele. Amém"
17 comentários:
Ro, que capricho, parabéns! As flores estão um encanto, suuuper coloridas! A qualidade das fotos está sensacional... amei a do prato de frango. Tem coisa mais bonita que ervilha na vagem? Amo!
Beijão
Helena
menina, to salivando aqui!
que água na boca!
hummmmmmmmm....
bjos e bom findi!
Ai, Rosana!
A descrição das flores, do jardim, da infância me deixaram comovida. A beleza das pequenas coisas! O carinho com os amigos! E o teu sorrisão! Que delícia deve ter sido esse encontro.
Um abraço carinhoso da Cecilia.
Helena, fotos com pouca luz só com ajuda dos anjos, né? Mas eles têm colaborado(rs). Bom domingo, querida!
Carina, uma hora dessas podemos preparar um jantarzinho pra "fofocarmos" ao vivo, o que achas? Beijinhos
Cecília, minha querida, quanta honra me traz tocar na tua doce sensibilidade. Fico com aquele sorrisão com teu comentário (rs). Um belo domingo carioca! Abraço bem grande
Tudo perfeito! E com esse carinho, minha amiga, foi simplesmente um jantar divino.Com todas as fadinhas das flores e os anjinhos cantando. Parabéns! Beijos
Oi Ro querida!
que lindo,gostoso,criativo,caprichado tudo!
Ahhhhhh...da pra sentir daqui o carinho e o cheirinho bom...
Amigos é um presente né amiga! - Que bom que você divide isto aqui com a gente!
Te adoro!
bjos e ótima semana!
Chris da Chria
Não tão exuberante quanto a sua bromelinha mas, continuando a brincadeira de procurar "irmãs gêmeas", olha esta outra, num cipreste aqui daqui:
http://www.flickr.com/photos/saladala/4861951828/in/set-72157623928572483/
Eu também gosto de procurar surpresas pelo quintal. E quanta coisa bonita encontramos, não? Raminhos de manjericão rendem um delicado e cheiroso buquê, sem falar nas lavandas!...
Apesar do filho vegetariano, essa carne acompanhando a massa deu água na boca!
Capricho e carinho, em pequenos detalhes. É a legítima "slow food"! É comida com amor.
Abraço e boa semana!
Rosana, este menu deve ter feito sucesso.Até eu, que não sou boa de cozinha, estou com vontade fazer.Bjs
Mari, que querido lembrares das fadas das flores. Acho mesmo que elas gostam das miudezas do jardim (rs). Beijos!
Chris, ai que coisa bem boa receber uma declaração de carinho dessas. É recíproco, sabes. Beijos de luz no teu coração!
Laély, acho que poderíamos inaugurar uma seção nos blogs irmãos só com nossas "coisinhas gêmeas", hum? A bromelinha daí também é linda! E o macarrão com ragu, lamentei não ter preparado pra ti. Fica para a próxima visita, tá? Boa semana capixaba também! Beijo, querida!
Solange, o ragu é barbada de preparar, só tem que ter paciência e tempo. Beijo!
Oi Rosana, que belza as florzinhas, estas eu não conhecia, são lindas e quanta singeleza e gostosuras à mesa!! Estou até anotando as receitas para testar...muito bom!! Bjo e boa semana!!
Rosanaaaaaaa que lindas que ficaram as flores! Somos pão duras chiques né? E ter um quintal rico de belas flores assim é luxo!Amiga mãe postiça, adoro sua poesia, e sua descrição dos detalhes mais preciosos. Amigos devem se sentir num castelo de fadas na sua casa. Faz um macarrão desses pra mim? rs Yakissoba tb adoro rs!beijo querida e ótima semana por aí
Rosana,
Somos as pão duras mais felizes e caprichosas da net, hahaha. Fico aqui com invejinha colorida do seu quintal, vivo com planos de fazer uma "hortinha" aqui no ap mas que nunca consigo tirar do papel.
Jantarzinho maravilhoso.
Beijo grande
Ana
Cris, quando se arriscar nas receitas (sem muitos riscos), conta pra mim, tá? Beijos
Cynthia, tô esperando a visita pra fazer o macarrão! E, olha, o castelo de fadas começa a semana mais pra casa de bruxa (rs). Sem faxineira há semanas, queria mesmo uma varinha de condão. Beijocas!
Ana, que delícia te receber aqui! Somos sim pão duras felizes, graças aos céus! Vamos continuar trocando figurinhas? Ficaria feliz. Beijos do Sul!
Oi Rosana! Que post agradabilíssimo!
Fiquei com vontade de estar aí...rsrsrs.É tão bom quando vamos a uma casa e sentimos o carinho dos anfitriões... vc fez isso com o casal.
Vou fazer a carne que vc ensimou; vou usar a panela elétrica,pois o tempo de cozimento é bem longo... vc acha que dá certo?
Beijos.
Maria Lúcia, que bom que te entusiasmaste com as receitinhas daqui. Puxa, mas não tenho panela elétrica e não sei como a carne se comportaria nela. O importante é que o cozimento seja lento, com calor médio (no caso do fogão, com chama baixa), tá? Depois manda notícias do resultado. Beijo
Tudo lindo e singelo. Também prefiro flores naturais, ainda que sejam os raminhos. Irônico: tenho equipamento para fazer flores...rsrsrs. Coisa boa é receber amigos com tanto carinho. Só uma observação: bromélias assim como as orquídeas não são parasitas...normalmente são epífitas, só usam outras plantas como suporte. Tadinha dela...rsrsrs. Beijocas!
Rosana, cheguei em boa hora, é so o tempo de copiar as receitas e correr pra cozinha,volto depois pra contar como ficou.
beijos
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