"Onde estarás, moranguinho?
Detrás de qual folha tu temes que eu te colha?
Moranguinho, onde estarás?
Deixes minha boca te saborear
Quando a primavera vem, verdejando os montes
Te adivinho no azevém, vizinho das fontes
Te esperei quando era flor
Te guardei com tanto amor
Mas já é hora de provar teu suave sabor
Moranguinho...
Quando a primavera põe luz do sol nos montes
Te procuro desde aqui até o horizonte
Teu aroma te trai, revelando-me onde estás
Vestidinho de carmim, todo em petit-pois..."
Vô Rudy esteve na família por alguns anos como vô emprestado, emprestando-nos histórias e receitas de vida com sua presença forte e terna. Orgulhava-se de sua habilidade nas lidas da confeitaria, e atribuía a ela a bênção de ter sobrevivido à guerra. Contava que como prisioneiro na Alemanha, fora incumbido de trabalhar na cozinha, e ali desenvolveu um talento que desconhecia. Seus doces caíram nas graças de superiores militares, o que lhe garantiu privilégios, o maior deles, a graça da vida preservada.
Quando batia à nossa porta todo faceiro com o bolo-presente, era a própria imagem desse milagre que é a regeneração da alma, capaz de recuperar a alegria, transmutar a dor em amor. Talvez o Dia dos Pais tenha trazido a saudade para perto, e depois de anos, busquei a receita no caderno e prometi segui-la à risca. E não é que reencontramos vô Rudy pelo sabor inconfundível do seu bolo mármore?! A singularidade está no tempero: noz-moscada e licor de chocolate. A singularidade está no tempero...
Bolo mármore
Ingredientes: 200 gramas de manteiga, 250 gramas de açúcar, 4 ovos, 1 xícara de leite, 500 gramas de farinha de trigo, 2 colheres (sopa) de fermento em pó, raspas de limão, 1 colher (cafezinho) de noz-moscada moída, 1 colher (sobremesa) de essência de baunilha, 3 colheres (sopa) de cacau, 3 colheres (sopa) de licor de chocolate
Modo de fazer: Na batedeira, bata a manteiga com o açúcar até ficar clarinho. Junte os ovos, um a um, e continue batendo. Acrescente a metade da farinha e a metade do leite, e bata. Adicione o restante da farinha com o fermento e o leite e bata mais um pouco. Misture os temperos: casca de limão, noz-moscada e baunilha. Separe um terço da massa e nela misture o cacau e o licor de chocolate. Coloque a massa clara em fôrma de furo central, bem untada e enfarinhada, e por cima a massa de chocolate. Misture levemente as duas massas com um garfo para marmorizar. Leve ao forno alto nos primeiros 20 minutos e baixe para médio por mais cerca de 20 minutos. Faça o teste do palito para verificar o cozimento. Depois de frio, polvilhe açúcar de confeiteiro ou cubra com cobertura de chocolate.
Mas como esse também era um bolo para presente, enquanto assava as agulhas funcionaram para fazer o cobre-bolo. Tule, um crochezinho em volta com miçangas e um morango, petit-pois, como diz a música do Nando, para fazer uma graça à aniversariante, outra mestra-doceira, que dia desses ganha um post só seu.
7 comentários:
Saaaaaaaudades de postar comentários, pelo visto não fui só eu que fiquei com vontade de cozinhar xD
Ótima semana p vc linda =***
Obrigada de novo por me indicar p/ a brincadeira das fotos, já viu como ela ganhou os blogs desse Brasilzão? =P
Oi, Katami, saudades também! Passei lá no blog para conferir o que andou rolando na tua cozinha, hum... panquecas, sempre fazem os olhos brilhar.
Uma supersemana pra ti também!
Beijos
Adorei a historia.
Eu faço um bolo marmore mas a receita é diferente, vou experimentar essa.
Ah! A brincadeira da sexta foto esta bombando pelos blogs, as pessoas gostaram muito.
Besos
Oi, Bel! É sempre uma alegria tua visita por aqui. Experimenta o bolo e depois me conta, tá? Ah, se estranhares, a massa fica bem durinha, é assim mesmo.
Pois é, brincar sempre faz bem, e as sextas fotos andam fazendo isso pelo Brasil afora, como diz a Katami, aí em cima. Beijos
Essa receita, tem lembrança de infância, quando minha mãe fazia um bolo comum, naquela linda forma de furo no meio, mas toda cheia de desenhos geométricos, saliências e reentrâncias que não se fazem mais, nas laterais. Quando queria fazer "misura", separava um pouco da massa branca e misturava um pozinho mágico de chocolate; depois deitava-o, o preto no branco, e saía aquela escultura, em duas cores. Sem falar, que eu disputava pelo resto de massa crua que ficava na vasilha.
Cheia de mimos, amiga, e, como sempre, cheia de história e poesia...
Preciso lhe escrever com mais vagareza, das novidades novidadeiras minhas.
Enquanto isso, vai meu abraço de fim de semana.
Laély, adorei o pozinho mágico! Aos olhos de criança é assim mesmo...Também lembro da ansiedade para cortar o bolo e ver como as cores se misturaram. Aguardo as novidades, querida novidadeira! Um fim de semana com a benção das fadinhas daqui (post de hoje). Beijo
Vim 'bisoiar' essa postagem por causa da foto, tão convidativa. E me deparo com um bolo cheio de história e de saudade!
Sabe que fiz esse bolo pra levar pra minha mãe na maternidade, quando meu irmãozinho caçula nasceu? eu era uma pequena boleira de 12 anos!
Obrigada pela receita tão lindamente descrita!
bj, Ana
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