quarta-feira, 25 de julho de 2012

A força das delicadezas


Tive o privilégio esta semana de participar de uma roda de mulheres, uma ciranda movida a troca de vivências onde rolou muita energia boa e relatos de experiências transformadoras. Nesses encontros a dinâmica do que se desenrola naturalmente, como uma dança sincronizada, sempre me encanta. Ouvimos o que precisamos ouvir naquele momento porque falamos sem ensaios o que manda o coração e, assim, acabamos nos tocando mutuamente e, invariavelmente, nos fortalecendo.
Do tanto que me tocou, e que continua repercutindo em reflexões e abençoados insigths, uma pequena história gostaria de compartilhar com vocês. Veio da anfitriã, uma das pessoas mais gentis e inteiras que conheço, e que só agora sei da matriz de tanta delicadeza. Contou ela que quando criança estava acostumada a uma rotina familiar agitada, seus pais trabalhavam bastante e a vida era levada sem tempo para além do essencial. Numa tarde, aquela menina  de  9 anos foi à casa de uma coleguinha para fazerem um trabalho de escola. A coleguinha estava sozinha e depois do dever, ofereceu um pedaço de pão à amiga. Nisso chegou a mãe, uma senhora sempre atenciosa, e reprendeu a filha pelo lanche tão mal servido à visita. Foi à cozinha e logo apareceu com uma bandeja coberta com guardanapo bordado, duas xícaras de porcelana com chá e fatias de bolo. A menina visitante "alcançou o nirvana" com aquela imagem. Saboreou muito, muito mais do que o lanche em si. Saboreou o ritual de tamanha delicadeza com todos os seus sentidos, com tanta intensidade, que mal sabia ela que mesmo depois de mais de 50 anos poderia narrar seu encantamento com todos os detalhes, o mesmo brilho no olhar e sorriso iluminado. Para finalizar aquela tarde verdadeiramente inesquecível, na saída a querida mãe da colega acompanhou-a ao portão e colheu algumas flores, enrolou em papel de seda e ofereceu à Marli. Foi o fechamento perfeito, o êxtase completo.
Ainda "incorporada" da menina que foi, a mulher madura, hoje psicóloga, profunda conhecedora da alma humana, aproveita a oportunidade para nos lembrar o que volta e meia esquecemos:
"Aquele gesto foi fundamental na construção da pessoa que sou e procuro ser. É a prova de que pequenas manifestações de gentileza e delicadeza podem gerar repercussões imensuráveis".
E quando me despedi da sábia amiga e lhe alcancei o mini-buquê de amores-perfeitos, tive a confirmação da linda lição. Sorrindo surpresa, avisou às outras convidadas:

"Isso é Dona Edna entre nós!".
Que a gente não perca de vista o sutil transformador, especialmente com nossas crianças. Amém.

9 comentários:

Beth disse...

Lindo deve ter sido esse encontro entre mulheres, onde foi lembrado um passado repleto de gentilezas.
O pequenino buquê lembrou-me uma vizinha que sempre que alguém aniversariava, mesmo sem festa, fazia chegar à aniversariante um buquê de singelas florzinhas, colhidas em seu jardim. O tempo passa, mas certas coisas que nos alegram ficam!
Beijinhos,
Beth

Adriana disse...

Que linda lição de delicadeza com o outro!!! É algo às vezes esquecido... Um bom dia, um olá, um sorriso... são ações que aquecem quem recebe.

abraçossss

Adriana disse...

Que linda lição de delicadeza com o outro!!! É algo às vezes esquecido... Um bom dia, um olá, um sorriso... são ações que aquecem quem recebe.

abraçossss

Ivani disse...

Rosana querida, que maravilha de postagem, sempre fico encantada com sua maneira simples e gostosa de escrever.
Confesso que amo uma gentileza, fico também com ela dançando em minhas lembranças, para sempre.
Lindo texto e sua maneira de narar deoixou-o ainda mais interessante.
Espero que esteja tudo bem com voces, um beijo com carinho.

Rosana Remor disse...

Querida, que linda história!Tens razão, aprendemos muito com pequenos gestos de delicadeza, eles ficam para sempre!BJS!

Anônimo disse...

Olá adorei seu blog e já estou seguindo ;) Parabéns, temos um blog do nosso atelier se puder de uma passada por lá bjs http://tocadasleonas.blogspot.com.br

Chris da Chria disse...

Estes momentos e demonstrações de gentilesas são únicos! Um presente!
Saudades querida!
Um forte abraço!
Chris da Chria

Fabiano Mayrink Isenhour disse...

Oi Rosana! Que post magnifico! adorei ler esta estória :)

realmente uma recepção calorosa é sem soma de duvidas a melhor coisa que algum pode fazer por nós! aqui em casa não tem muito louça bonita e etc mais sempre que vem gente pra ca eu procuro fazer um almoço legalzinho, um bolo, um doce etc, eu adoro receber a pessoa bem! :) ...

Tem um sobrinho do meu pai que gosta muito dele e sempre recebe ele muito bem na casa dele, mais quando não estou com meu pai ele só faz o básico, e ainda sempre de cara fechada e um dia ate brigou comigo pq 6 da manha entrei no banheiro e deixei a porta somente encostada e não trancada,

um dia ele e a esposa veio aqui em casa nos visitar, eu fiz questão de fazer um almoço mineiro bem gostoso, frango com quiabo, arroz branco, angu, etc e suco de frutas, eles vieram de surpresa eu eu nao tinha feito sobremesa, nas presas peguei uma goiabada cortei em cubinhos e joguei erva doce amassadinha por cima, fiz a mesa com pratos bonitos e jogo americano, EU SENTI QUE ELES FICARAM COM VERGONHA da boa recepção vc acredita?!

ADOREI, ai como sou mal rs ...

desculpa o desabafo...

Calma que estou com pressa! disse...

oi Rosanaa
as lembranças boas sempre ficam e nos marcam
a minha mãe sempre trata suas visitas com tanto carinho e comida farta , mesa linda, sobremesa e eu aprendi com ela "receber bem tambem e uma prova de amor ao próximo"
e ate hoje minha mãe com 80 anos - todos gostm de ir visita-la - lá é um lar !
bjs
lu