sábado, 8 de junho de 2013

Ritual de nona para um menino crescido

Bruno, meu sobrinho querido, fiel escudeiro para tantas empreitadas, esteve de aniversário esta semana, e essa tia, numa crise de coração derretido, entregou-se a uma nostalgia daquelas que faz a gente chorar como bobinha a cada lembrança das cumplicidades que nos unem. 
O menino crescido, no alto dos seus 12 anos, dispensou festa e badalações, e cada um arranjou um jeito de comemorar com ele em pequenos grupos ao longo dos dias. Hoje foi a nossa vez de finalmente abraçá-lo e, para marcar a data, resolvi por a mão na massa, seu prato preferido, como minha mãe fazia quando era criança em ocasiões especiais.
O ritual começou ontem à noite com o preparo da massa, sob a supervisão da mãe e orientação do filho, já que há anos não fazia a receita. 
Para uma boa quantia, numa bacia faça um morrinho com 500 g de farinha de trigo com uma cavidade no meio e quebre 5 ovos, um a um, dentro. Vá mexendo até agregar bem e depois, numa superfície enfarinhada, sove rapidamente. Se necessário, junte mais farinha. A massa deve ficar bem firme. Corte porções da massa e abra com rolo, o mais fino possível. Cobri com uma toalha e as "bebês" dormiram assim.
Hoje pela manhã tratei de cortar o macarrão, enrolando as folhas de massa e usando uma faca bem afiada, em tiras do tipo pappardelle. Não me preocupei muito com a uniformidade, cortei de forma rústica mesmo. A preocupação presente era só uma: não esquecer de reservar as rebarbas para a maior atração da macarronada.
Enquanto o papppardelle caseiro cozinhava em água abundante e salgada, sob os cuidados do homenageado...
... cortei as sobrinhas em pedaços pequenos e fritei em óleo quente. Aí já dava para antever o retorno ao passado... Os fritinhos eram disputadíssimos naqueles tempos em que não existia salgadinho industrializado, então resolvi me desforrar e fiz uma quantidade bem farta deles.
Cobri o macarrão com um ragu (carne de panela  com molho, bem cozida e desfiada) e salpiquei rapidamente os "torradinhos", enquanto mãozinhas ligeiras roubavam os petiscos descaradamente.
Voltei à mesa da cozinha de minha mãe na primeira garfada. Ela, ao lado, recordava saudosa seu dotes culinários. E o aniversariante, este continua sendo o agente mais fofo que me devolve a infância, mesmo já se despedindo dela.
Que nossos amores nos movam sempre por caminhos temperados de carinho. Amém.

9 comentários:

Beth disse...

Desejo muita felicidade para esse menino de ouro!
Para a tia o desejo é de que todos tenham muita saúde para ver o jovem crescer, tanto em estatura como nas coisas da vida que hoje ele aprende com pessoas que tanto o amam!
Parabéns.
Beijinho,
Beth

Marilia Baunilha e Patch disse...

Que texto lindo e comovente! Obrigada.

Beijos,

Eneida

Rosana Remor disse...

Parabéns ao garoto mais amado do mundo por esta tia tão afetiva e querida!!Amei o post, como sempre vc me emociona!!Beijos!!

Pitadasdilu disse...

Oi Rosana! Que Deus abençoe muito o seu sobrinho e essa tia pra lá de coruja! Tão boa essa convivência que só traz alegrias e muitas lembranças gostosas.
Fiz teu bolinho de morango e postei lá no meu blog, ficou uma delícia, obrigada por partilhar receitinhas tão boas!
Bjos, Lú.

Ivani disse...

Ah Rosana, adoro ler voce!
Parecia que estava na cozinha, vendo tudo! e o resultado não poderia ser melhor, lindo e perfumado!
Também comia esses "crustoli" que minha avó fritava com as sobras do macarrão. Brigávamos por eles.
Que lindo esse seu carinho, recíproco, pelo Bruno, tão amigo.
Sinto que voces se amam muito, e desejo que esse amor dure sempre, para alegria de ambos.
Um beijo nos dois.

Elvira disse...

chorei...

Elvira disse...

chorei...

Fabiano Mayrink Isenhour disse...

lembro que quando criança eu fritava macarrão pra comer, então eu não era o único! :) mas as sobrinhas que fritou devem ficar com um sabor muito melhor, é caseiro!

Rebeca disse...

Ele é lindo!!!